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ENTRE O MAR E A SERRA

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Ílhavo
1 - Capela da Vista Alegre

Mandada edificar por D. Manuel de Moura que ali jaz, pela sua devoção a Nossa Senhora da Penha, esta obra data do século XVII. A fachada salienta-se devido à decoração da empena e ao nicho de consideráveis dimensões que alberga uma representação da Virgem e do Menino, obra do conhecido Laprade, com filiação à estatuária coimbrã. O retábulo principal, de estilo nacional ou barroco reentrante, marmóreo, articula-se com talhas douradas, sendo o resultado de belo efeito. Os dois outros retábulos laterais são também dignos representantes daquele estilo.

2 - Museu da Vista Alegre
A fama de excelência e requinte das louças da Fábrica de porcelana da Vista Alegre precede-a. Fundada por José Ferreira Pinto Basto (em 1824) que fascinado pela beleza da porcelana chinesa, trazida nos seus próprios navios, decide construir na sua quinta da Vista Alegra, com o beneplácito do rei D. João VI, uma fábrica de vidro e porcelana. Já com créditos granjeados, D. Miguel atribui-lhe, em 1828, o título de "Real", passando a integrar nos seus quadros artífices estrangeiros, com o objectivo de introduzir melhoramentos na produção, que então não atingia a qualidade da sua congénere oriental, devido à ausência de caulino. Foi em 1834, na feira dos 13 em Ílhavo, que Luís Pereira Capote descobriu, na posse de um feirante, um pó utilizado para caiar as casas da região, que se assemelhava ao precioso caulino. Analisado pelos técnicos da empresa, confirmou-se o que era. Passando a fábrica a dedicar-se em exclusivo à produção de porcelana. Modernizando sucessivamente os processos tecnológicos até aos nossos dias, a Fábrica de Porcelanas da Vista Alegre é conhecida mundialmente pelo requinte e excelência das suas porcelanas. Produz peças decorativas, esculturas e serviços de mesa. Os seus trabalhos enriquecem os espólios de museus como o Bóston Museum of Fine Arts, o Metropolitan Museum of Art e o Brooklin Museum de Nova Iorque, entre muitos outros. Também personalidades como o Papa João Paulo II, a Rainha D. Isabel II de Inglaterra, D. Fernando, D. Luís e vários representantes de Estado, tiveram o privilégio de serem agraciados com verdadeira obras de arte saídas desta fábrica histórica.

3 - Museu Marítimo de Ílhavo
A forte ligação de Ílhavo ao mar está expressa neste museu através de barcos, apetrechos ligados à faina marítima e ex-votos de marinheiros. O visitante também pode observar uma curiosa colecção de conchas, assim como fauna e flora marítimas.

Aveiro
4 - Museu de Aveiro

Instalado no antigo Mosteiro dominicano de Jesus, reúne uma das maiores e mais relevantes colecções de arte sacra de Portugal. Três dos seus portais são de transição do século XV para XVI: o da Sala do Capítulo Novo, o do Refeitório e o da Capela de Stº Agostinho. O claustro é renascentista (séc. XVI) e alberga o portal da outrora capela de S. Simão já do manuelino renascentista. O grande destaque vai para a igreja de Jesus, cuja capela-mor é um dos símbolos mais importantes das capelas portuguesas totalmente revestidas a ouro. A talha corresponde a dois períodos do Barroco: o Nacional (últimas décadas de seiscentos) e o Joanino (1ª metade do séc. XVIII). No coro-baixo evidencia-se o tumula da Princesa Santa Joana, magnífico exemplar de embrechados de mármore coloridos, encomendado por D. Pedro II ao arquitecto régio João Antunes. A beatificação da Princesa D. Joana, em 1693, motivou uma campanha decorativa que se evidencia na Igreja e coro-baixo, no coro-alto, capelas anexas e sala de lavor, onde faleceu, a 12 de Maio de 1490, e é transformada, no século XVII, em capela que lhe é dedicada. A fachada, datada de 1751 "tratada como se fora de palácio", foi erguida para conferir unidade às casas conventuais.

5 - Igreja da Misericórdia
Projectada por Gregório Lourenço, esta construção é uma micro projecção das igrejas monástico-colegiais coimbrãs, como sentenciou o historiador de arte Nogueira Gonçalves. O portal filia-se no período final do renascimento, tendo para o maneirista, sendo a abóbada da capela-mor do séc. XVII, ambas as obras de influência da escola coimbrã. Os azulejos policromos seiscentistas que cobrem as paredes do seu interior, são também merecedores de destaque.

6 - Capela de S. Gonçalo
Construída utilizando pedra ançã, a sua planta é hexagonal. O portal da fachada, de pedra, é encimado por um nicho onde se insere a estátua seiscentista. Em Janeiro, a comunidade desloca-se a esta capela para receber as famosas cavacas atiradas do alto da capela, tornando perene a tradição antiga.

7 - Igreja do Carmo
Do antigo convento dos carmelitas resta a Igreja, com planta em cruz latina de uma só nave. Uma cúpula hemisférica cobre o arco cruzeiro. A fachada é sóbria, albergando no seu nicho a Virgem e o Menino, do século XVII, e da renascença tardia. Do seu lado direito eleva-se a torre. No seu interior, os retábulos de talha dourada remontam ao século XVII. Restam ainda algumas pinturas do tempo do Convento.

8 - Capela do Senhor das Barrocas
Templo de planta octogonal com capela-mor rectangular, integra-se no núcleo das capelas poligonais da região. A arquitectura, sendo sóbria, tem bastante interesse. O portal do séc. XVIII, de bom nível, vê-se coroado por um frontão interrompido e povoado com estatuária. O seu interior encontra-se repleto de talha repartida entre a capela-mor, os púlpitos, e os altares colaterais. Os retábulos da capela-mor são do estilo joanino, enquanto que os púlpitos são algo posteriores. No entanto, os retábulos colaterais são já de meados do séc. XVIII e incluem duas obras de têmpera de Pêro Alexandrino, representando o Presépio e a Anunciação. De salientar são também as duas pinturas do mestre André Gonçalves.

Oliveira do Bairro
9 - Museu de S. Pedro na Palhaça

Outrora Igreja Velha, edificada partindo da pequena capela de S. Pedro, na década de trinta do século XIX, foi submetida a modificações. Hoje o Museu da Palhaça é um dos locais mais visitados do concelho de Oliveira do Bairro, reunindo um importante acervo de artes decorativas, alfaias litúrgicas, bem como de âmbito etnográfico.

10 - Igreja Paroquial de Oliveira do Bairro
Dedicada a S. Miguel Arcanjo, é uma construção ampla, de meados do século XVII; larga e alta, a fachada e a torre são já do último quartel do século XIX.
A importância artística desta igreja reside nos cinco grandes retábulos de madeira dourada. O principal, dos séculos XVII-XVIII, insere-se no barroco de transição. Os restantes quatro da nave, provenientes da mesma oficina, são do barroco inicial (último quartel do século XVII).

11 - Biblioteca Municipal (antigos Paços do Concelho)
Edifício totalmente reconstruído, recuperou a sua traça original.

12 - Igreja Paroquial de Oiã
Edifício de 1892, é o interior que patenteia a sua riqueza. A sua importância reside no valor artístico dos retábulos e da pintura provenientes do Convento de Santa Ana de Coimbra. O retábulo principal, de grandes dimensões, representa uma fase de transição da arquitectura retabular. O cadeiral, de igual proveniência, aparenta o do Mosteiro de Celas, e os seus espaldares, dourados, albergam agradáveis pinturas do século XVII.

13 - Parque do Vieiro
Local aprazível, este parque de merendas reúne todas as condições para uma tarde bem passada, onde os recantos das mesas e bancos sob a frescura da sombra, coexistem com as águas cálidas da piscina banhada pelo sol. Tem também a oportunidade de observar um núcleo museológico que alberga utensílios utilizados na lavoura de tempos idos.
No concelho existem outros frondosos parques de merendas: Parque da Pateira (Silveiro), Parque da Seara (Silveira) e a Fonte da Saúde na Póvoa do Forno.

Águeda
14 - Igreja Paroquial de Fermentelos

Reconstruída já no século XX encontra-se decorada de forma dissonante relativamente ao que é hábito nesta região. O retábulo principal, do século XVIII, é de belo efeito e parece ter viajado de Lisboa, vindo talvez de algum templo carmelita, como defende Nogueira Gonçalves, pela temática da sua pintura e pela presença dos escudos do Carmo e de Portugal. A tela de origem similar, mostra Sta. Teresa, Cristo, seu Pai e a pomba simbólica.

15 - Pateira de Fermentelos
Os seus 525 hectares, riquíssimos de fauna e flora, fazem de si a maior lagoa natural de toda a Península Ibérica. Com ligação aos rios Cértima, Águeda e Vouga, é navegável na sua quase totalidade. Permitindo a prática de desportos náuticos, a lagoa convida ainda, pela riqueza piscícola, ao gesto de atirar à água o anzol e o isco, para saborear a Enguia, a Carpa, o Achigã ou o Pimpão. Passeriformes, Pato-Real, Garça-Vermelha e Águia-Sapeira, são também espécies características deste ecossistema. Pode admirá-la junto à sua margem, percorrê-la até chegar ao miradouro, onde um pouco afastado, poderá contemplar "o quadro" na sua plenitude.

16 - Igreja Paroquial de Espinhel
Localizada nesta povoação também ela banhada pela Pateira, este templo é dedicado a Nossa Senhora da Conceição. Modificada nos anos de seiscentos, a sua fachada parece datar do século XVIII, ostentando no nicho uma escultura da padroeira (século XVII).
O retábulo principal e os dois colaterais são do século XVII, ainda que os últimos tenham sido alterados no decorrer do seguinte. Agradáveis são também as esculturas da Virgem com o Menino (séc. XVI), da Nossa Senhora da Conceição (barroco de setecentos) e a de S. Cristóvão (de barro e do século XVIII).

17 - Igreja Paroquial de Recardães
Reconstruída na alvorada do século XVIII, e tendo sido obra inteiramente construída naquela época, apresenta-se-nos como um edifício homogéneo. O portal impressiona desde logo: o nicho, a meio do frontão interrompido, abriga a escultura de S. Miguel Arcanjo, do século XV, coroando o vão da porta. Invulgar é a forma da torre, triangular, colocada na cabeceira do templo. Arrebatador, integralmente coberto de ouro, é o retábulo principal, apresentando um modelo de transição do reentrante para o joanino (estilo D. João V), sendo, para Nogueira Gonçalves, o melhor exemplo desta evolução de toda a região. Os restantes quatro, são posteriores. Boa obra de escultura é a da Virgem e o Menino, do começo de quatrocentos e de oficina coimbrã.

18 - Igreja Paroquial Aguada-de-Cima
A sua edificação, ocorrida no início de setecentos, pode ser confirmada na gravação da porta lateral, embora tenha sofrido algumas alterações relativamente recentes. Os retábulos são de transição para o estilo joanino. Mas, o grande interesse deste templo, reside no púlpito, no entender de Nogueira Gonçalves. Todo o esplendor do barroco joanino traduzido na pedra de Ançã, decerto merecedor de uma visita atenta.

19 - Capela das Almas Santas da Areosa
De planta octogonal (a capela-mor é rectangular). E tendo em conta que se trata de uma capela, o edifício impressiona pela sua dimensão. Coberta com cúpula de oito panos, com fogaréus nos ângulos e uma bela cruz na vertical da porta. O seu simples e agradável interior guarda três retábulos do século XVIII.

20 - Igreja de Santa Eulália
A fachada e a capela-mor datam do segundo quartel do século XVIII, enquanto que a nave e as capelas laterais são edificações do século anterior. O retábulo do Sacramento, à esquerda da capela-mor, de calcário, é produto de oficina coimbrã, da última fase do Renascimento, do qual aquela cidade foi centro difusor. O retábulo principal e os que o ladeiam são já de um estilo joanino final. A estátua que se abriga no nicho da fachada, do século XV, é uma representação de S. Eulália.

21 - Parque Alta-Vila
Edificado nos finais do século XIX por Eduardo Caldeira, irmão do primeiro Conde da Borralha e do literato Fernando Caldeira, com largas vistas para o vale de Águeda, o parque romântico compõe-se de um vasto jardim e de um "chalet" encantador que constitui exemplo do pitoresco de fim do século XIX, circundados por uma cerca ameada, dando a ideia de pequeno castelo.

22 - Museu da Fundação Dionísio Pinheiro e Alice Cardoso Pinheiro
Albergando um notável acervo de pintura portuguesa soa séculos XIX e XX, de porcelanas chinesas e portuguesas, mobiliário português e francês, tapeçarias, pratas e marfins, este museu constitui um local de visita obrigatória.

23 - Igreja Paroquial da Trofa e Panteão dos Lemos
Um dos monumentos mais visitado da região, a Igreja de S. Salvador (representado no nicho fronteiro) é um edifício erigido no século XVI (capela-mor e Panteão de Lemos). Tendo sofrido obras de ampliação no século XVIII (sendo desta altura a fachada) e também mais tarde no decurso da centúria seguinte. É aliás o panteão daquela ilustre e nobre família - conjunto arquitectónico, escultórico e decorativo de grande nível - que eleva bem alto o nome desta freguesia e contribui para a grande afluência de visitas a este templo. Os retábulos são na generalidade obras setecentistas.

"Panteão dos Lemos"
A sua abóbada é estrelada, fixando no centro o escudo dos Lemos. Nogueira Gonçalves compara-a, no seu traçado, com a que foi desenvolvida em Coimbra por Diogo de Castilho, esse grande artista da renascença Coimbrã, levantando a hipótese da sua autoria. O conjunto divide-se em dois grupos de igual número de arcos, situados nas laterais, encontrando-se em cada um deles, sepultados, o fidalgo Duarte de Lemos e seus antecessores, titulares do senhorio da Trofa. O grupo da direita, obedece aos princípios clássicos, separando os arcos tumulares com pilastras coríntias em número de três, no que difere relativamente ao grupo da esquerda. Os baixos-relevos são decoração recorrente, do tipo da renascença coimbrã inicial, impressionando pelas formas belas e agradáveis. É no entanto para a pétrea figura orante, representação de Duarte de Lemos e obra de Hodart, escultor de bom nível, que inevitavelmente o olhar converge. O seu rigoroso realismo, cristalizou com fidelidade a figura do representado, eternizando desta forma a sua memória e a sua linhagem. O que se reafirma pela presença do escudo da família e pelas inscrições que controem a sua genealogia. De realçar ainda a carga simbólica existente na inclusão do conjunto tumular naquele espaço, de natureza sagrada.

24 - Casa-Museu de Etnografia da Região do Vouga
O edifício reúne aspectos da história e da cultura da região, com os quais é necessário tomar contacto para que se possa reconstruir a mentalidade e o "modos vivendi" das gentes regionais, saber até que ponto eles persistem ou não, e traçar o quadro da sua evolução.
Artesanato, etnografia e folclore da região do Vouga, formam o espólio deste núcleo museológico, que certamente satisfará o visitante mais curioso.

25 - Secção Museológica da CP em Macinhata do Vouga
Alberga locomotivas, carruagens e utensílios ferroviários da Linha do Vale do Vouga. Junto à Estação de Caminhos de Ferro desta localidade, o interior deste edifício narra-nos a história da revolução dos transportes e da era do vapor. Uma ambulância postal, um salão pagador, algumas locomotivas, entre as quais, a jóia da sua coroa de 1886, fazem parte deste valiosa espólio. Aquela história, é também a história dos fascinantes veículos metálicos que trilharam montes, vales, planícies, à conquista da velocidade. Deixando para trás vastas e intensas nuvens de fumo negro, arrebatavam a atenção do povo, que se deslocava aos campos para ver a paisagem a ser rasgada pelo progresso, enquanto nas cidades, tornava-se "chique" desviar o passeio domingueiro até à estação dos comboios - como salientou Regina Anacleto - para observar as carruagens, ver quem chagava e quem partia, mas também para ser visto.

26 - Igreja Paroquial de Valongo do Vouga
Templo dedicado a S. Pedro, a sua reconstrução transitou de seiscentos para setecentos, conservando o seu interior a pia batismal do anterior edifício. Os retábulos das capelas laterais e os que se situam lateralmente ao cruzeiro, são do início do século XVIII, filiando-se no barroco de transição. Importante no contexto do conjunto, pelo seu valor artístico, é a pia batismal manuelina, óctogono esculpido em pedra calcária.

27 - Macieira de Alcoba
Pequeno povoado rústico, "plantado" entre serras, feito de casas graníticas, ainda mais escurecidas pelo tempo, de textura rugosa, à imagem da paisagem que a envolve, tão difícil quanto fascinante. As montanhas vestidas de todos os verdes existentes, mesmo os mais insuspeitados, assistem, imperiais, ao prazer de viver que sente, quem do alto dos seus cumes espreita o mar, a cerca de 50 km. A represa, ao fundo da aldeia, convida a um banho, enquanto as sombras tornam apetecível o merecido descanso.

Igreja Paroquial de Macieira de Alcoba
De pequenas dimensões, a sua torre eleva-se dominando a aldeia. Tal como o casario, o seu granito certifica a sua antiguidade. Dedicada a S. Martinho, foi modificada no século XIX. Os seus retábulos são do período daquelas obras, embora se filiem em fórmulas de setecentos. No seu interior podem ser vistos o Calvário de Cristo, do gótico final (século XVI), a Virgem e o Menino (início do mesmo século), ambas de oficina coimbrã. Conservando tradições ancestrais, ainda hoje aos domingos, depois da missa, o seu adro reúne e afina, em coro, as gargantas do povo, tornando as cantigas tradicionais perenes.


Informação gentilmente cedida pela Região de Turismo da Rota da Luz
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