na casa que era dos seus pais e onde se fez mulher. Pouco passa das 14h de um dia 20 de Julho que, há 40 anos, paralisava o mundo em frente ao pequeno ecrã. "Um pequeno passo para o Homem, um passo gigante para a Humanidade" era a frase que marcava o feliz destino da Missão Apollo 11. O astronauta norte-americano Neil Armstrong cravava na Lua uma bandeira "made in USA", mas pelas habilidosas mãos de uma bairradina.
Isilda Ribeiro está cansada de contar a história que ficaria para a História. "Já é velha", diz do alto dos seus 63 anos, recordando, mais uma vez, o episódio que, ocasionalmente, a fazem lembrar e relembrar.
Naquele memorável ano de 1969, a costureira da Annin & Company, em Verona, New Jersey, não se cansou de finalizar bandeiras do país que a acolhera. "A fábrica era das principais fornecedoras do Governo norte-americano. E nesse ano fizémos várias experiências daquela bandeira, de fibra de vidro, estampada", vai desfiando.
Só mais tarde viria a saber que a fama da sua bandeira era interplanetária. "Só quando o jornal New York Times apareceu na fábrica interessado na história é que percebemos", conta Isilda Ribeiro.
Confessa que não ligou muito ao caso. Recorda com mais apreço a bandeira de 50 pés de comprimento, que fez por ocasião do centenário da ponte George Washington, em Nova Iorque. Mas essa, admite, não teve tanto impacto para o mundo como a que ficou na Lua. Quarenta anos depois, que será feito dela? "Não faço ideia como nem onde estará, mas gostava de saber o que aconteceu à bandeira." Mas não o suficiente para a fazer desejar lá ir. "Se fosse mais nova e as viagens à Lua fossem mais frequentes, talvez, mas não é nenhum sonho meu", confessa.
De regresso às origens há cinco anos, Isilda Ribeiro divide o tempo entre a vila de Soza e o lugar do Boco. Aguarda com ansiedade a visita, "talvez no próximo ano", da família que lá deixou - filha, genro e neta. Não mais voltou à terra que lhe trouxe a fama que não desejou.