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04-04-2007

O relatório é elucidativo quanto aos gastos


Editorial - 230 gabinetes ministeriais custaram-nos os olhos da cara

Numa auditoria aos Gabinetes Governamentais, publicada em Março de 2007 o Tribunal de Contas é demolidor quanto aos gastos governamentais no âmbito dos gabinetes ministeriais. O objectivo principal foi, segundo o TC, o de “apurar o montante global das despesas movimentadas pelos gabinetes, com incidência nas despesas de funcionamento e nos critérios da sua execução, à luz de princípios da boa gestão financeira, da transparência e da prossecução do interesse público”.

O relatório é elucidativo quanto aos gastos totais com estas áreas do governo. Os governos auditados foram os de Durão Barroso, Santana Lopes e do actual de José Sócrates. O necessário exercício do contraditório foi já exercido pelos visados e integrado nos referidos relatórios. Agora, vão pôr em causa o relatório e discutir menosprezando o trabalho do TC. Não percebo para que é que o Estado paga ao TC mas uma coisa é certa? onde há fumo há fogo.

Mais do que comentar os relatórios, refiro as conclusões gerais do relatórios (pág 22). “No período de 2003 a 2005, a despesa global movimentada pelos gabinetes governamentais atingiu o valor de 12,8 mil milhões de euros sendo que as despesas de funcionamento se cifraram em 216,3 milhões de euros, e as despesas com transferências correntes totalizaram 12,5 mil milhões de euros”.

Também se escreve na mesma página que “o número de colaboradores recrutados para apoio específico aos gabinetes não obedeceu a quaisquer limites pré-fixados, que a respectiva selecção nem sempre assentou em critérios pré definidos, claros e objectivos, nem sempre careceu de ser, ainda que sumariamente, justificada, em particular no âmbito remuneratório, no qual se observaram as mais díspares remunerações para funções idênticas, tendo as mesmas chegado a ultrapassar as percebidas pelo respectivo Ministro e, até, as auferidas pelo Primeiro-Ministro. Neste domínio, a observância dos critérios da boa gestão financeira, ou seja da economia da eficiência e da eficácia, esteve, por muitas vezes, marginalizada, ao longo do triénio, predominando uma actuação, em regra, discricionária”. Ainda se acrescenta que “ a falta de transparência resultante da opacidade do teor e conteúdo de múltiplos despachos de recrutamento de pessoal dos gabinetes examinados pelo Tribunal e, até, da sua não publicação no Diário da Republica”.

Os custos da governação são naturalmente imputados a cada um de nós. Já sabemos que temos de pagar, mas não deveriam ser os governos que nos pedem sacrifícios a dar o exemplo de contenção na despesa?

Segundo um matutino (CM), estes dislates custaram a cada português 430€ por ano só para a gestão dos 230 gabinetes ministeriais criados e extintos entre 2003 e 2005. Não nos esqueçamos que tanto custa a manutenção dos gabinetes com os assessores como a sua exoneração findas as funções, os amuos e as guerras políticas. O quadro é retirado do relatório.

Governo

XV

XVI

XVII

Admissões

(nom.)

Saídas

(exon.)

Efectivo

(no fim

gabinete)

Admissões

(nom.)

Saídas

(exon.)

Efectivo

(no fim

gabinete)

Admissões

(nom.)

Saídas

(exon.)

Efectivo

(no fim

gabinete)

Quadro Pessoal Legal

42

7

35

58

20

38

60

34

26

Chefes Gabinete

1

0

1

2

1

1

2

1

1

Adjuntos

15

3

12

21

7

14

24

17

7

Assessores PM

10

1

9

15

6

9

9

1

8

Secretários Pessoais

16

3

13

20

6

14

25

15

10

Além quadro

14

1

13

18

3

15

19

3

16

Apoio Técnico e Adm

14

1

13

18

3

15

19

3

16

Outra

16

2

14

32

5

27

69

26

16

Total

72

10

62

108

28

80

148

63

58

Fonte: SG da PCM; Tratamento equipa TC

Ver relatório completo em https://www.tcontas.pt/pt/actos/rel_auditoria/2007/audit-dgtc-rel013-2007-2s.pdf

António Granjeia*
Administrador do Jornal da Bairrada


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