Há risco elevado da Câmara de Ílhavo estar a investir dinheiro no arranjo do centro da cidade sem responder aos principais desafios colocados pela desertificação.
A posição é comum a todos quantos participaram no debate público lançado pelo PS sobre o futuro do centro da cidade de Ílhavo.
A iniciativa “Centro de Ílhavo: que futuro?” fica marcada pela intervenção do presidente da Junta de São Salvador. João Campolargo diz que não é fácil conseguir ter intervenção junto da Câmara.
Admite que a figura da petição pode fazer sentido nalguns casos e teme que este projeto possa falhar porque não dá prioridade à instalação de pessoas (com áudio)
Sérgio Lopes, presidente da concelhia socialista de Ílhavo, afirma que o PS não desiste da participação e da apresentação de alternativas.
Regista a falta de fóruns de debate para garantir uma visão mais abrangente sobre problemas e soluções (com áudio)
Paulo Morgado, Vice-Presidente da Associação para o Estudo e Defesa do Património Natural e Cultural da Região de Aveiro, recordou a linha de água que foi sendo ocupada, aos poucos, pelo edifício municipal, pelo centro cultural e por outros equipamentos como o pavilhão do Illiabum e as piscinas.
Afirma que há 30 anos a utopia era salvaguardar linhas de água e que tal não foi alcançado. “A utopia era ter um corredor verde mas cortamos tudo. A estrada de ligação à A17 está em cima da linha de água. Acredito que ainda será possível fazê-lo”.
O encontro desta noite fica marcado pelas críticas à falta de diálogo para debater os projetos e pelas referências aos sucessivos investimentos no centro.
Óscar Graça, arquiteto de profissão, lembrou que esses investimentos não têm resolvido as principais questões e defendeu como medida prioritária a conclusão da rede viária externa para acabar com as travessias no centro da cidade (com áudio)
O programa Peduca tal como o programa Polis foram apontados como mecanismos que acabam por fomentar a pressão sobre os investimentos.
Uma cidadã esteve no encontro e dirigiu críticas a uma programação financeira que incentiva as obras em muitos casos como elemento facilitador mas sem responder aos desafios da sociedade.
"Aquilo que se espera do PS ou seja de quem for é uma posição de força para tornar as cidades dos seus cidadãos e acabar com estas histórias de Peducas e Polis porque desvirtua tudo. Há milhões e as pessoas querem gastar para colocar belas plaquinhas com os seus belos nomes para um dia serem recordadas".
Fernando Nogueira afirma que o Município deve reforçar a aposta nos acessos pedonais ao casco antigo e valorizar essa área. “A engenharia social deve por uma armadura de gestão e de animação. Isto dá trabalho e não se vê. O imaterial é isto”.
Senos da Fonseca, ilhavense reconhecido pelo seu trabalho de historiografia das raízes culturais e sociais do concelho, defendeu a criação de uma área aberta entre a Casa da Cultura e o jardim com retirada do casario à face da EN109.
“A Praça da República deveria ser uma segunda praça social e convívio, numa ligação pedonal”.
A autarquia aprovou, em Janeiro, o estudo preliminar de Requalificação do Jardim Henriqueta Maia, no âmbito do Plano de Ação de Regeneração Urbana de Ílhavo (PARU), inserido no Plano Estratégico de Desenvolvimento Urbano do Município de Ílhavo, e já mostrou os primeiros traços da obra.
Trata-se de um investimento de cerca de 1 milhão de euros, com um cofinanciamento aprovado pelo CENTRO2020 em 85%.
O debate promovido pelo PS esteve centrado na necessidade de atrair pessoas ao centro e com isso garantir a dinamização económica da área.
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