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04-12-2009

Enófilos da Bairrada criticam taxas e impostos, criados pela tutela


Bairrada deve apostar na qualidade, inovação e marketing

"Necessitamos de apostar na tecnologia e na investigação, ao serviço do marketing, e então conseguiremos apresentar, com a rapidez que a nossa concorrência exige, as marcas com que os consumidores se identifiquem". Esta foi uma das mensagens, deixada pelo empresário, Miguel Pais do Amaral que, no último sábado, foi entronizado confrade de honra pela Confraria dos Enófilos da Bairrada.

O 31.º Grande Capítulo da Confraria dos Enófilos da Bairrada teve, mais uma vez como palco, o Palace Hotel do Buçaco e durante o evento foram ainda entronizados cinco confrades de mérito e 15 novos confrades.

Perante 140 convidados, Pais do Amaral aproveitaria a cerimónia para deixar a todos os presentes a indicação de que o sector deve, a todo o custo, fazer um esforço por alargar horizontes.

"Fazer, hoje em dia, uma marca de sucesso nos mercados onde estão os nossos mais agressivos concorrentes, não se consegue sem uma estratégia consistente e com um forte e continuado investimento de todo o sector no marketing", sublinhou Pais do Amaral, que identificou faltar ao sector "branding" e uma estratégia consistente para a viticultura, a nível nacional e a nível regional.

De igual forma o confrade honorário considera que falta uma estratégia que ajude a ganhar massa crítica: "ao invés de apresentarmos uma oferta excessivamente fragmentada, que procura oferecer de tudo um pouco e que, no fim do dia, acaba por não oferecer nada de verdadeiramente diferenciador".

Por isso, considera fundamental que se aposte em questões como o design do produto, desde a plantação da vinha, passando pelo preço, ao rótulo, aspectos estes que podem condicionar a imagem do vinho junto do consumidor.

Mais inovação, mais qualidade. Quanto à Bairrada, diz que precisa construir a "route to market", o que obrigará os agentes locais a ter um maior conhecimento do mercado, a apostar mais na inovação, na oferta, na qualidade, enfim, em todos os aspectos que influenciam a construção de uma imagem.

Com raízes na Bairrada, terra dos seus antepassados, Pais do Amaral avança que não se pode ter medo de perder a diversidade regional, nesse esforço de marketing conjunto que é necessário fazer, com coerência e um investimento reprodutivo.

A terminar, o convidado de honra considerou que a qualidade é, hoje em dia, um factor necessário, mas não suficiente para se conquistar os mercados. Por isso, defende ser necessário ser mais inovador e diferenciadores em todos os níveis e em todos os estágios da produção e da comercialização.

Recado à tutela. Na oportunidade, Fernando Castro, presidente da Confraria dos Enófilos da Bairrada, sublinharia a importância do Grande Capítulo como forma de renovar e multiplicar a "família" dos Enófilos da Bairrada que completam 30 anos de existência.

Contudo, deixaria um recado à tutela: para que esta não esteja somente preocupada em cobrar taxas e impostos, considerando pois que são necessárias medidas sérias, mais amplas e de maior alcance, por forma a resolver os problemas de fundo do sector vitivinícola.

O responsável máximo dos Enófilos da Bairrada destacaria ainda o esforço de três décadas na defesa, promoção e valorização dos vinhos da Bairrada. Um lema que esteve na génese da criação da Confraria, mas que, ainda hoje, a alimenta, não fosse o sector de actividade na região o mais antigo, emblemático, maior empregador e o que regista maior volume de investimento.

Destacando o facto da Confraria ter lutado pela Demarcação da Região, a completar também 30 anos de existência, acrescentou que este organismo tem procurado ser um parceiro disponível, um estandarte da região, uma voz activa, um agente mobilizador, estimulador e congregante.

Ciente de que chegou a hora de acabar com individualismos e divisionismos, Fernando Castro defende que a nova Bairrada vai poder continuar a contar com vinhos de elevada qualidade, com carácter, modernos, capazes de consolidar essa imagem e de aspirar a um futuro melhor.

"Merecem-no. Sobretudo aqueles que tiveram coragem de investir na modernização dos vinhedos, das adegas e das práticas virivinícolas", acrescentou.

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Catarina Cerca

catarina@jb.pt


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