Sangalhos e o concelho de Anadia vestiram-se de gala para a inauguração do Centro de Alto Rendimento - Velódromo Nacional de Sangalhos, numa cerimónia presidida pelo ministro da Presidência, Pedro Silva Pereira, que se fez acompanhar do secretário de Estado da Juventude e do Desporto, Laurentino Dias.

Depois da inauguração e antes da intervenção de Litério Marques e do ministro, todos os holofotes viraram-se para a velha glória do ciclismo nacional, Alves Barbosa. Aos 77 anos, o antigo ciclista do Sangalhos estreou a nova pista de ciclismo, dando as primeiras pedaladas num total de duas voltas ao recinto.

Outras glórias estiveram presentes na inauguração, tais como Rosa Mota, Carlos Lopes, Venceslau Fernandes e os judocas Telma Monteiro e Nuno Delgado.

A nova infra-estrutura, única no país, e que demorou dois anos a ser construída, conta com um investimento de mais de 12 milhões de euros e foi financiada pelo QREN (Quadro de Referência Estratégico Nacional) em 70%, tendo tido o apoio do Instituto do Desporto de Portugal (IDP).

A Câmara Municipal de Anadia investiu 2,8 milhões de euros no Centro de Alto Rendimento (CAR) - Velódromo Nacional de Sangalhos, que ficará ao dispor de cinco modalidades olímpicas, como o ciclismo de pista, judo, esgrima ginástica e trampolins.

Orgulho. "Hoje é o dia mais feliz da minha vida", disse emocionado Litério Marques. O presidente da Câmara Municipal de Anadia afirmou tratar-se "de partilhar com todos os sangalhenses a alegria da realização deste sonho", lamento o facto de o Primeiro-Ministro, José Sócrates, não se ter disponibilizado para estar presente na cerimónia.

Litério Marques afirmou que "esta infra-estrutura é o resultado de um binómio composto pela necessidade do desporto nacional possuir um equipamento com estas características e pela legítima aspiração das gentes da Bairrada e dos adeptos do ciclismo", reforçando que se trata "de um investimento total de 12 milhões de euros, assumindo-se como a maior obra, alguma vez realizada sob a responsabilidade directa da Câmara Municipal de Anadia".

O autarca confessou que nem tudo foram facilidades: "Houve necessidade de ultrapassar vários obstáculos, num primeiro momento com problemas na sua implantação, o que levou a que a obra fosse considerada de Projecto de Interesse Nacional (PIN) para ser reconhecida pelo Governo".

O edil focou que estes constrangimentos se devem "a um PDM completamente obsoleto e inadequado, que continua a asfixiar o merecido e desejável desenvolvimento do concelho e que há longa data lutamos desesperadamente por alcançar a sua revisão".

Litério Marques diria que a construção do Velódromo "só foi possível graças ao apoio incondicional manifestado pelo IDP e pela Secretaria de Estado da Juventude e do Desporto, que de forma permanente souberam estar à altura da sua responsabilidade em todos os momentos", esperando agora uma atenção especial à gestão e rentabilização do novo equipamento desportivo.

Em dia de festa e perante a presença dos membros do Governo, Litério Marques aproveitou a ocasião para lembrar algumas das necessidades mais importantes para o seu concelho, tais como "a construção e o acesso directo à A32, que possibilitará aliviar o trânsito caótico na EN1/IC2 e ainda o nó de ligação de Anadia à A1".

Vários sonhos. O ministro da Presidência, Pedro Silva Pereira, apelidou o CAR como "a nova casa do Desporto", sublinhando que, "de uma só vez, cumpriram-se vários sonhos antigos. O ciclismo há muito que ambicionava uma infra-estrutura deste tipo. Esta é uma boa oportunidade para o futuro da modalidade, no sentido de virar a página. Espero que a Federação Portuguesa de Ciclismo (FPC) esteja à altura deste novo desafio e que saiba aproveitar estas condições que, aos olhos de todos, é uma infra-estrutura de excelência, uma mais-valia para a economia local e para o desenvolvimento do concelho de Anadia e da região".

Sobre o facto do CAR se localizar em Sangalhos, Pedro Silva Pereira comentou que "faz todo o sentido, uma vez que é uma terra com grandes tradições no ciclismo".

Mais um módulo. O secretário de Estado da Juventude e do Desporto, Laurentino Dias, considerou que a obra poderá ser em breve ampliada. De momento, o centro de estágios dispõe de 16 quartos duplos para 32 atletas. "Ponderamos a construção de mais uma módulo. Até agora não havia uma obra deste género em Portugal e estão criadas as condições para que as cinco modalidades olímpicas possam realizar estágios completos. Se em Pequim tivemos 12 atletas, o seu desejo é que nos Jogos Olímpicos de Londres este número aumente para o dobro."

Manuel Zappa

zappa@jb.pt