A EDP obteve, em 2008, lucros de 1.212,3 milhões de euros. Já em 2007, a eléctrica nacional tinha crescido enormemente nos lucros. A justificação da empresa para estes exorbitantes valores prendem-se com as mais valias extraordinárias conseguidas com EDP renováveis, aos resultados na área da distribuição e, pasme-se, à correcção ou recuperação dos desvios tarifários em Portugal.
Ora, a EDP era normalmente acusada de praticar preços muito elevados quando comparados com os que se fazem em Espanha, mercado em que também opera. Eram só bocas mas falava-se num aumento de 25% em relação a Espanha. Entretanto, aparece um estudo da Eurostat a dizer que Portugal tinha mesmo uma das facturas energéticas mais caras da Europa. Agora, dissiparam-se as dúvidas sobre esta realidade. Em comunicado datado de 15 de Maio de 2009, a autoridade da concorrência critica a EDP depois de concluir o relatório sobre a formação dos Preços Grossistas da Energia Eléctrica em Portugal no segundo semestre de 2007. Diz-se no comunicado "O início do mercado ibérico veio demonstrar diferenças de preços entre os dois mercados, Portugal e Espanha, que no período analisado, se traduziram em médias diárias superiores a 23% no mercado português".
Estranhamente, e ao contrário das enormes dificuldades diariamente experimentadas pelas pequenas e médias empresas nacionais, a EDP prospera na crise fundamentalmente à custa dos consumidores, que trata com sobranceria, pois apesar destes lucros, a verdade é que a EDP não hesita em cortar a luz nem às famílias ou empresas que se atrasam no pagamento. Num pressuposto de crise, tem de haver também ética nos negócios e não é justificável que a "correcção de tarifas atinja valores de 23%", impulsionando tanto os lucros da empresa. Mas isso parece não importar, pois em 2009 o lucro já subiu 0,8% no primeiro trimestre para 265,3 milhões de euros.
António Granjeia*
*Director