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01-04-2009

Estamos fartos


Editorial - Mais uma vez a Justiça

Há quatro anos, por altura das últimas eleições autárquicas, parecia que apenas havia sufrágios em Felgueiras, no Marco de Canavezes, em Oeiras e em Gondomar. Talvez por sobreavaliação mediática das televisões, não importava a correcta gestão autárquica das tantas outras nossas terras, as propostas eleitorais das diversas plataformas políticas ou a sua interferência na vida dos portugueses, mas apenas o entretém novelesco dos candidatos, que contra o sistema concorriam apesar de acusados pela justiça.

Quatro anos passados a justiça ainda não resolveu completamente estes casos porque, ou ainda estão em julgamento, em recurso ou fora de prazo. Nem uma tartaruga anda tão devagar.

Quatro anos de reformas e contra reformas, de comissões de análise, de processos desmaterializados, de um ministro quase incógnito com políticas desconhecidas e substancialmente ficou o mesmo sentimento de que nada na justiça funciona.

A Justiça deixou de ser aquela mulher bonita de olhos vendados que vemos à porta dos tribunais e transformou-se num monstro horrendo que se movimenta em pântanos cheios de escolhos e regras obsoletas.

O ministério público não conseguiu, ao fim de não sei quantos anos de investigação, acusar com êxito, ou de forma a que os juízes pudessem convictamente condenar estes autarcas. Afinal eles tinham razão ou foram julgados na praça pública sem fundamento? Os procuradores encarregues da acusação foram suficientemente competentes ou tempo processual favoreceu os arguidos? O ministério público tem avaliação (como os professores)? E qual é?

Estas e outras perguntas devem ter respostas claras sob pena de um dos principais pilares da democracia ruir arrastando os poderes públicos para a facilidade da repressão policial. A lentidão e sensação de impunidade na justiça misturados com a crise económica nunca foram bons aliados da democracia.

Um bem conhecido militante do PS e anterior primeiro ministro diria "é a vida".

O povo deveria dizer; "ESTAMOS FARTOS".

António Granjeia*
Director


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