O autarca Litério Marques avança que é o candidato à Câmara Municipal de Anadia pelo PSD.

A afirmação é feita pelo próprio em carta aberta dirigida aos munícipes anadienses e à qual JB teve acesso.

Alegando que a candidatura à Câmara pelo PSD "conhece contornos nunca vistos", o autarca esclarece que a sua candidatura resulta de um convite feito pela presidente do Partido, Manuela Ferreira Leite, a todos os autarcas em funções e que queiram recandidatar-se.

Segundo adianta ainda, ter-se-á limitado a aceitar um convite feito, em Novembro de 2008, durante uma reunião na Comissão Política Distrital, na qual terão tomado parte, segundo refere, Marques Guedes, Secretário-Geral do Partido, Castro Almeida, Coordenador Autárquico, António Topa, presidente da Comissão Política Distrital e Ulisses Pereira, da mesma Comissão.

"Fizeram-me o convite ao qual aderi com satisfação", afirma, questionando não perceber por que razão a Comissão Política de Anadia do PSD "se isolou, fazendo tábua rasa das directivas emanadas pela actual direcção do PSD nacional".

Litério Marques avança mesmo existir uma grande diferença entre um candidato convidado e outro escolhido à revelia.

"Eu sou candidato e só deixarei de o ser se os que me convidaram disserem o contrário, que por um motivo ou outro não serei eu", garante.

Na missiva, o autarca anadiense questiona também a legitimidade da Assembleia de Secção, realizada na última sexta-feira. "Estas pessoas esquecem-se que a minha posição actual foi conseguida em eleições sérias e controladas e não em eleições num comício com 140 pessoas", refere.

Por um lado, duvida da legalidade da votação: "já que o único ponto agendado não falava de qualquer eleição", mas também do próprio acto eleitoral: "Fica porém a dúvida da origem desses votos pois a identificação das pessoas não foi controlada nem fiscalizada por qualquer órgão com credibilidade para o efeito. Acresce mesmo dizer que não constava da agenda qualquer ponto que falasse de eleição o que se me afigura tratar-se de uma grave irregularidade".

Litério Marques vai mais longe nas acusações e questiona-se sobre a razão de dois actos políticos públicos serem vigiados por forças policiais dentro e fora do recinto.

Na carta de duas páginas e a terminar avança aos anadienses, mas em especial à família PSD, estar sempre disponível para dar o seu melhor, com o mesmo entusiasmo e empenho.

Acrescente-se ainda que esta tomada de posição surge na sequência da Assembleia de Secção do PSD de Anadia, realizada na última sexta-feira, cujo ponto único era "dar parecer sobre o candidato a Presidente da Câmara Municipal de Anadia". Um encontro que contou com participação de cerca de 150 militantes que, na sua maioria, votaram favoravelmente a proposta apresentada pela Concelhia, que indicava como candidato a presidente da Câmara Municipal José Manuel Ribeiro, presidente da Concelhia do Partido e da Assembleia Municipal. Dos votantes - 144 militantes -, 136 votaram favoravelmente a escolha de José Manuel Ribeiro, tendo-se registado 4 votos contra e 4 brancos.

Catarina Cerca

catarina@jb.pt

"Verdadeiramente lamentável a postura de Litério Marques"

Os resultado de uma sondagem interna do PSD de Anadia, desfavorável à recandidatura de Litério Marques à Câmara de Anadia, conjugados com a forte possibilidade de o autarca ser constituído arguido num processo judicial, até ao final do mandato, terão sido os argumentos de peso utilizados pela concelhia do PSD de Anadia para apresentar a candidatura de José Manuel Ribeiro à autarquia anadiense.

José Manuel Ribeiro procurou, na segunda-feira, numa conferência de imprensa, desmontar os argumentos do actual presidente da Câmara, Litério Marques, que anunciou a intenção de se recandidatar pelo PSD, contando para isso com o apoio das estruturas do partido e seguindo a orientação da comissão política nacional para as próximas autárquicas.

Mentiras. Ribeiro começou por desmentir Litério Marques, afirmando que "é falso que os órgãos nacionais do PSD apoiem a candidatura de Litério Marques à Câmara de Anadia, uma vez que o órgão que homologa as candidaturas é a Comissão Política Nacional que, no caso vertente, ainda não tomou qualquer decisão".

José Manuel Ribeiro acrescenta ainda que "Litério Marques também falta despudoradamente à verdade quando afirma que tem o apoio da distrital do PSD de Aveiro".

Ribeiro, actual deputado do PSD na Assembleia da República, diz que "Litério Marques, ao invés de optar por uma postura incorrecta e lesiva para o partido, deveria aceitar de forma humilde e democrática a superior decisão dos militantes do PSD de Anadia".

O candidato eleito pela concelhia do PSD de Anadia à corrida autárquica afirma esperar que "o seu nome venha a ser aprovado, até porque não me passa pela cabeça que o PSD assuma uma posição estalinista em relação à escolha". Aliás, "Litério Marques desconhece, estranhamente, os estatutos e a tramitação estatutária, relativamente ao processo autárquico. Em suma, a Comissão Política de Anadia escolhe e propõe. A Distrital de Aveiro aprova e a Nacional homologa". Por isso, "facilmente se depreende que qualquer decisão final sobre uma candidatura terá sempre de partir da Comissão Política de Anadia que escolheu José Manuel Ribeiro, tendo a Assembleia de Secção confirmado esta escolha de forma esmagadora e concludente". José Manuel Ribeiro considera ainda "verdadeiramente lamentável a postura de Litério Marques, que veio afirmar que conta com o apoio dos presidentes das Juntas de Freguesia do concelho de Anadia, eleitos pelo PSD.

Votação. António Topa, presidente da Distrital do PSD, explicou ao JB que perante a proposta apresentada pela Comissão de Secção de Anadia do PSD, na próxima segunda-feira será marcada uma reunião da Comissão Política alargada, composta por 33 elementos, que votará ou não o nome de José M. Ribeiro. Num segundo momento, a decisão da Distrital será enviada à Nacional para competente homologação.

António Topa confirmou ainda que existe, de facto, uma deliberação do secretário-geral do partido em que os actuais presidentes se podem recandidatar, excepto se existir um motivo de força maior que o impeça.

Pedro Fontes da Costa

pedro@jb.pt