Com um Orçamento para 2009 de pouco mais de 28 milhões de euros, o autarca Litério Marques enfrentará, no próximo dia 29, uma acesa discussão na Assembleia Municipal, já que o maior partido da oposição (PS) não irá votar favoravelmente o Orçamento e Plano de Actividades (OPA) para 2009.

Aliás, em reunião de executivo, realizada na última semana, os vereadores socialistas "chumbaram" o documento por considerarem que o mesmo "não merece grande confiança, como também não vai ao encontro de uma estratégia de desenvolvimento que urge implementar".

PS diz que Orçamento não é realista. Os vereadores socialistas olham para o OPA para 2009 com "desconfiança", sobretudo no que diz respeito "ao seu realismo". Desconfiança essa, dizem, legitimada pelas experiências anteriores: "acabávamos sempre por constatar que as previsões orçamentais andavam longe da execução efectiva".

De acordo com o vereador Lino Pintado, "as execuções orçamentais, pelo menos nos últimos três anos, andaram pela ordem dos 40%, ou seja, menos de metade do previsto". O vereador socialista conclui que as principais críticas apontadas pela sua bancada em relação ao orçamento de 2008 não só se mantêm como saem reforçadas neste orçamento. Isto porque defende que, já no orçamento de 2008, a despesa corrente aumentou, e a despesa de capital (subtraindo a obra do Velódromo) diminuiu.

A JB Lino Pintado afirmou ainda que uma boa gestão é a que "consegue diminuir o peso das despesas correntes em ordem a possibilitar uma maior afectação de recursos para áreas notoriamente carenciadas, tais como meio ambiente e conservação da natureza, saneamento, planeamento urbanístico e ordenamento do território, acção social, educação, cultura, transportes rodoviários, apoio ao turismo e apoio à indústria". Mas, no seu entender, este orçamento demonstra é que se acentua o caminho contrário o que é "alarmante", porque "poderá fazer caminhar a autarquia para uma situação de difícil governabilidade num futuro próximo".

Por outro lado, o vereador destaca que os investimentos em saneamento, meio ambiente, conservação da natureza e cultura ainda diminuem consideravelmente relativamente ao orçamento anterior, quando reconhece serem "áreas carenciadas e sedentas de uma aposta mais forte".

Orçamento realista. Contactado por JB o autarca de Anadia enjeita os argumentos apresentados pelo vereador socialista.

Litério Marques garante que se trata de um orçamento realista, até porque cria condições para o município progredir e desenvolver-se. "Trata-se de um orçamento que prevê as obras de que o município carece", diz, recusando que os socialistas digam que "há áreas prioritárias que ficam para trás".

"Basta analisar as obras, por exemplo, previstas para a educação, ou na regeneração urbana, ou na rede viária". Obras que, segundo o edil, "demonstram a nossa vontade de trabalhar e criar um orçamento realista e exequível".

"É um orçamento que dá resposta às necessidades do município", disse.

Abstenção para os SMAS. Quanto ao orçamento para os Serviços Municipalizados, de quase três milhões de euros, Lino Pintado diz que "apesar de algumas reservas, o PS vai dar o benefício da dúvida a este orçamento, optando pela abstenção".

Catarina Cerca

catarina@jb.pt