Os clubes participantes na reunião geral convocada pela direcção da Associação de Futebol de Aveiro para apreciar, discutir e decidir sobre as acções a tomar relativamente ao novo Regime Desportivo das Federações, proposto pelo Governo, aprovaram, por unanimidade, uma proposta em que foi deliberado, através da AFA, comunicar à FIFA e à UEFA "a intromissão ilegítima do Estado no movimento associativo, quaisquer que venham a ser as consequências daí resultantes" e contrariar "por todos os meios ao seu alcance" a referida proposta governamental, que se encontra em discussão no Conselho Nacional do Desporto.
Estiveram presentes 34 clubes, alguns dos que têm maior número de jogadores inscritos na AFA, especialmente ao nível das camadas jovens, casos do Feirense, União de Lamas, Anadia, Oliveirense, Sanjoanense, Alba, Taboeira, Salesianos de Arouca, Casa do Povo de Lourosa, ou Fundo de Vila, estes dois, do futsal e Ferreirense, do futebol feminino.
Nas várias intervenções dos representantes dos clubes, ficou evidente a concordância com aquela que na abertura dos trabalhos foi feita pelo presidente da direcção, Elísio Amorim Carneiro, que assumiu uma crítica frontal ao secretário de Estado do Desporto, Laurentino Dias, o qual, segundo aquele dirigente "hostiliza permanentemente o movimento associativo". Face a esta conclusão, ficou também aprovado enviar uma carta, em nome da AFA e dos seus filiados ao Ministro da Presidência, Pedro Silva Pereira, que tem a tutela do desporto, pedindo alargamento do prazo para as associações e federações poderem analisar melhor a proposta do Governo e que o Conselho Nacional do Desporto vai analisar brevemente em plenário. Apesar da firme oposição e reserva quanto ao projecto, Elísio Amorim Carneiro adiantou que há pelo menos um ponto positivo, aquele que prevê a criação de um único órgão para os Conselhos de Arbitragem e de Disciplina, ambos sob a alçada da FPF. Outro grande ponto de divergência tem a ver com a redução dos actuais 55 para 35 % dos votos que as associações passam a ter na assembleia-geral da Federação. Neste ponto, é certo que o líder federativo, Gilberto Madail será "aliado" das associações, já que defende para estas, pelo menos 50 por cento dos votos. Na linha da crítica ao documento, Elísio Amorim Carneiro, revelou que outras associações distritais, casos do basquetebol, ciclismo e hóquei em patins, já mostraram estar solidárias com a AFA e este pormenor também assumiu particular relevância na reunião, onde foi dito que o presidente do Comité Olímpico Internacional vai votar contra a proposta do Governo, tal como Gilberto Madail e até talvez Hermínio Loureiro, sendo que estes altos dirigentes têm assento, por inerência, no Conselho Nacional do Desporto. Caso o projecto em discussão entre em vigor, terá de haver eleições em todas as federações e associações, sendo apenas eleito o presidente da direcção e os Conselhos de Jurisdição e Fiscal, cabendo ao presidente da direcção eleito escolher, à posteriori, os restantes membros do órgão executivo. Face ao que é proposto, Elísio Amorim Carneiro, de resto secundado por todos os restantes oradores, não hesitou em considerar o projecto como "uma tirania do futebol profissional sobre o não profissional e o amador, com graves prejuízos para os clubes, especialmente para a formação, associações e federações".
