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29-08-2007

Não é comum em Portugal tanto consenso


Editorial - O Verão e os incêndios

Está praticamente no fim o mês de Agosto.

Um mês que deveria ter tido mais calor, mas que foi brando nas temperaturas e até inesperadamente chuvoso e bem provido de vento. Se uns praguejam por que as férias de veraneio ficaram com menos praia e inferior qualidade no bronze, a outros, até lhes soube bem, pois não sentiram a costumeira perigosidade dos incêndios a roçar as terras, os pinhais e até as portas de casa. Parece que nesta escaldante classe de desgraças, este ano, calhou a vez aos gregos e, pelo que pude sumariamente avaliar na comunicação social, não aprenderam com os erros passados dos portugueses. Pelo menos depois de tanta aselhice, desleixo e incompetência passada, fizemos alguma correcção, pois o dispositivo, organizado pelo governo, parece ter o acordo de bastantes comandantes dos bombeiros. Eu, pelo menos, confirmo ter ouvido de dois deles essa satisfação.

Também vi, pela primeira vez, após o infortúnio de um grande incêndio em Sintra, os responsáveis operacionais, os dirigentes políticos, os autarcas, os bombeiros e até a população dizerem bem da organização no terreno. Fiquei contente. Afinal, não é comum em Portugal tanto consenso nestas matérias sensíveis, causadoras de angústia e horas difíceis às populações.

Mas, se o positivo aconteceu no terreno, nos gabinetes a desorganização e a incompetência continuam a grassar. O governo criou em Abril de 2007 a Empresa de Meios Aéreos (EMA) para gerir aviões e helicópteros, destinados a combate de incêndios, e logo comprou 10 helicópteros pesados russos Kamov. Desses já foram entregues 7 mas, em meados de Agosto (dia 22), é que a dita empresa pediu autorização ao INAC para voar. Como as licenças demoram 3 meses a emitir talvez ainda vão a tempo de apagar os fogos do próximo Verão. E será que já têm pilotos?

António Granjeia*
*Director do Jornal da Bairrada


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