O presidente da Câmara de Aveiro, Élio Maia, anunciou segunda-feira a apresentação de um plano de reequilíbrio financeiro da autarquia, até ao final do mês. Segundo Élio Maia, "uma parte" da real situação financeira do Município já é conhecida, devido aos resultados da auditoria externa realizada, o que permite ao executivo avançar para o plano de reequilíbrio financeiro. O presidente remeteu a apresentação do plano para depois da assembleia municipal extraordinária em que será debatido o relatório da auditoria externa, que deverá ocorrer ainda este mês. "Acreditamos que este mês de Maio seja de viragem", afirmou perante a Assembleia Municipal, reunida na noite de segunda-feira para apreciar o relatório e contas de 2006, que foi aprovado pela maioria PSD/CDS, com a abstenção do PS, PCP e Bloco de Esquerda. Élio Maia voltou a sublinhar as dificuldades encontradas, referindo que, desde 2006, "só de serviço de dívida" o Município teve de pagar 12 milhões de euros" e aludindo a penhoras e hipotecas que têm dificultado a acção do executivo a que preside. Com alguma surpresa, Élio Maia ouviu o presidente da concelhia de Aveiro do PS, Raul Martins, dizer-lhe que a Câmara "pode contar com a bancada socialista para assumir medidas de fundo para resolver o problema da dívida do Município". Lembrando que "na bebedeira do Euro2004 todos os partidos assinaram por baixo a construção do novo estádio", Raul Martins reconheceu que a actual Câmara (PSD/CDS) "herdou um problema preocupante, que é o da dívida, mas não dramático e existem meios que poderiam ter feito estancar o serviço da dívida". "A Câmara tem de resolver o problema económico para poder resolver o problema financeiro. O grande bolo dos juros depende de operações de leasing que têm de ser resolvidas e não há segredos: há custa do aumento das receitas e da redução das despesas", preconizou o presidente da concelhia do PS. Raul Martins criticou as opções políticas assumidas pelo executivo, nomeadamente de ter reduzido a derrama sobre o IRC (empresas), concluindo que "as receitas cresceram pelo mau lado, à custa dos munícipes, que tiveram aumentos significativos". Afirmando compreender a justificação da maioria de querer atrair investimento empresarial, Raul Martins disse que "não é tempo para isso, porque não há dinheiro para fazer novas zonas industriais", pelo que a medida não tem resultados práticos. Raul Martins salientou também que dois terços do orçamento municipal são consumidos em despesas com o pessoal (12 milhões de euros), concluindo ser necessário "olhar para esses números". "O presidente da Câmara pode contar com o PS para assumir posições de fundo para resolver o problema da dívida", concluiu. |