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10-01-2007

Ganhou dois prémios internacionais


Jovem músico bairradino

Sérgio Neves, 24 anos, natural da Quinta do Gordo, Mamarrosa, acaba de vencer o I Concurso de Clarinete “Miguel Barrosa” Correño, 2006, Espanha, modalidade B, interpretando a “Rapsódia de Debussy”, o que lhe vai permitir, para além de receber 1.500 euros, participar como solista com a Jovem Orquestra “Julián Órbon, de Avilés e ser contratato para fazer um recital.

Sonos e projectos

Não é o primeiro prémo que este bairradino, promissor músico, ganha, já que ainda recentemente alcançou outro primeiro prémio na categorai de música de câmara, na Coupe Mondiale de Acordeão na Noruega, com o (Des)concertante Trio.

Nesta entrevista, Sérgio Neves que reconhece o valor da primeira escola - Filarmónica da Mamarrosa, fala do prémio e dos projectos e, oaviamente um pouco de si.

Embora tenha estudado no Conservatório de Música de Aveiro, No momento, está a estudar em Inglaterra, mais concretamente em Londres onde frequenta o mestrado na Trinity College of Music, com o prof, Joan Enric Lluna.

Entre um e outro, estudou na Escola Superior de de Artes Aplicadas no Politécnico de Castelo Branco IPC desde 1999.

No momento está envolvido no (Des)Concertante Trio e a Banda Filarmónica de Santa Comba Dão, onde é maestro prinicipal.

O jovem premiado tem songos grandes: dar aulas numa escola profisional superior, ou mesmo tocar numa orquestra. Neste último caso, teria de abandonar o torrão natal, o país. Entretanto, a preparar o futuro, continua a estudar nuito.

Vários anos de trabalho

JB - Que significa um jovem músico português ganhar um concurso internacional (o 2º) no concurso de clarinete?

SN - Quando vou para um concurso, independentemente como solista ou em música de câmara, trabalho para o primeiro prémio. Só desta forma, podemos apresentarmo-nos no nosso melhor, e é claro que no dia da prova deixa de depender de nós, depende do júri, dos outros concorrentes e sua preparação. Há várias frases do professor Carlos Alves que me guiam na preparação e durante os concursos, mas há uma que destaco: “independentemente de acharmos ou não justos os resultados, devemos sentir que fizemos o nosso melhor, e não nos deixarmos abater, porque estes, se referem apenas à prestação de um dia em específico”.

Apesar de neste momento estar a estudar em Londres, este prémio é o resultado de vários anos de trabalho, em primeiro com o professor Nelson Aguiar no conservatório de música de Aveiro, que me preparou para trabalhar com o professor Carlos Alves na ESART, e, em segundo, deste que acreditou em mim, me ajudou e deu ferramentas durante 4 anos para tentar superar todos os altos e baixos.

Este trabalho permitiu-me entrar para mestrado com o Professor Joan Enric Lluna.

- Por que escolheu a “Rapsódia de Debussy”?

- No regulamento do concurso, temos obras obrigatórias que temos de escolher, e está é uma das quais eu me encaixo e me sinto bem a interpretar. Por isso, a minha escolha recair sobre o programa que interpretei.

- Qual lhe deu mais satisfação: este ou o alcançado na Noruega, em Novembro, na categoria de música de câmara da Coupe Mundial de Acordeão?

- Todos os prémios que tenho conquistado deram-me uma enorme satisfação. São o reconhecer de muito trabalho, de muitos anos de sacrifício a abdicar da minha vida pessoal em prol da música, mas considero o último o mais importante para a minha carreira pelo facto de ser em clarinete. Enquanto solista, torna-se mais difícil atingirmos um alto nível. Estamos sozinhos em cima do palco e, durante o tempo que lá permanecemos, só nós somos avaliados, ao contrário de música de câmara, onde é avaliado o conjunto e a força dos membros que integram o grupo.

Uma recompensa

- Para um jovem que responsabilidade para o futuro?

- Os prémios sinto-os como uma recompensa, para mim e para os que trabalharam comigo, mas apesar de no nosso país sermos rotulados pelo currículo que apresentamos, este na nossa área traz-nos muitas obrigações: a obrigação de continuar a estudar para manter o mesmo nível e, se possível, superá-lo, porque em palco não há currículo que nos salve. Lembro-me há pouco tempo de ler que numa das prestações de Luciano Pavarotti, este foi severamente criticado pelo público por um ligeiro deslize nos agudos. Por isso, para nós jovens, não há lugar para erros, há, sim, que investir na nossa formação.

- Dado este êxito, que deve à Filarmónica da Mamarrosa?

- A filarmónica de Mamarrosa foi, sem dúvida, uma época muito importante para a minha vida, começando pelo Sr. Álvaro Ferreira, um apaixonado pela música e pelo ensino da mesma, que o fazia de uma forma gratuita. Muitos foram os alunos que passaram pelas mãos dele e que neste momento seguiram uma carreira profissional. É muito importante que as filarmónicas continuem a estimular os jovens e a dar-lhes condições para a aprendizagem emocional e intelectual.

- Por que estuda em Inglaterra?

- Encontrei em Inglaterra uma cultura e um professor que considero fantástico. Necessitava de alargar horizontes, de me expandir e interagir com um ambiente cultural que é referência a nível mundial, onde se encontram grandes concertos, grandes apresentações de teatro, exposições e um sem número de actividades culturais de alto nível.

- O Estado patrocina algumas ajudas aos valores que surgem na área musical?

- Sim, tenho recebido o apoio da câmara municipal de Oliveira do Bairro e estou à espera de abrirem candidaturas para a Fundação Calouste Gulbenkian para concorrer.

Sonhos grandes

“Adoro os projectos nos quais estou envolvido, principalmente o (Des)Concertante Trio com o qual vou fazer uma “torne” em Itália em Fevereiro, e gravar um CD em Março de obras escritas para nós de compositores portugueses. Gosto também de dirigir a Banda Filarmónica de Santa Comba Dão, com a qual desenvolvo um projecto inovador no seio musical. Também participo de muito perto em alguns dos projectos que a Escola de Artes tem promovido.

Para já, quero dedicar-me ao estudo e a estes projectos. Não é que não tenha o sonho de dar aulas numa escola profissional ou superior, ou mesmo de tocar numa orquestra, mas sei que isso iria obrigar-me a sair do país, pois a nossa realidade é de um país com poucas orquestras e sem oportunidades continuo a estudar para estar preparado para quando surgirem essas oportunidades.

Armor Pires Mota


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