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06-12-2006

A homenagem decorrerá no dia 17 de Dezembro


Oiã homenageia D. António dos Santos

Três instituições locais - a Junta de Freguesia, o Conselho Económico da Igreja e o Pároco e a Comissão de Melhoramentos - entenderam promover este reconhecimento e, para tal, convidam todos os oianenses, nossos conterrâneos.

A homenagem decorrerá no dia 17 de Dezembro, no restaurante D. Rogério, em Oiã, e será parcialmente sobreposta à comemoração do dia do idoso, promovida pela Junta de Freguesia e a que o Senhor D. António dos Santos assistirá.

Pelas 15 horas, decorrerá a homenagem propriamente dita, com a entrega de uma lembrança e algumas breves intervenções, sendo servido um ligeiro cocktail. O ambiente é informal e pretende-se o convívio com o homenageado.

Não são necessárias inscrições - só a presença - e o programa é gratuito.

Oiã é uma terra e uma freguesia com um reconhecido sentido de justiça e, assim sendo, não poderia deixar de reconhecer o trabalho, o exemplo, a dedicação e o legado do Padre António dos Santos.

Em 2006, em que comemorou 50 anos de ordenação sacerdotal (Julho de 1956), Oiã entendeu prestar-lhe uma homenagem, tão simples quanto a sua natureza: dizer-lhe que o estimamos, que continua a ter cá muitos amigos (e já lá vão 40 anos que saiu de cá), que nos continuamos a rever no seu exemplo, que deixou saudades e que será sempre bem-vindo a Oiã.

No início dos anos 60, era pároco de Oiã o Padre Vilar, com graves problemas de saúde e que acabou por falecer em meados de 1963, depois de doença prolongada. E os seus últimos anos foram de doença, de sofrimento e de luta pela vida, que provocaram um natural afastamento e diminuição da sua actividade pastoral, apesar da colaboração pontual doutro padre, que o ajudava nas tarefas da paróquia.

Era, portanto, necessário outro fôlego e uma nova dinâmica que, numa freguesia de grande dimensão como Oiã, aproximasse mais as pessoas da igreja. E havia também uma natural expectativa e curiosidade sobre quem seria o padre que o bispo de Aveiro nomearia para Oiã.

A escolha recaiu no Padre António dos Santos, que ninguém de cá conhecia: sabia-se apenas que era novo e que era de Vagos.

E os primeiros tempos de contacto entre o Padre António dos Santos e a população de Oiã revelaram, de facto, uma personalidade de excepção, com grandes qualidades humanas e que proporcionaram, desde o início, uma grande proximidade e uma grande empatia.

E nos quase 4 anos que assim permaneceu deixou-nos o exemplo de Homem bom e atento aos problemas individuais e colectivos, a sua proximidade com todos (e sobretudo com jovens, idosos e desfavorecidos), a sua abertura de espírito (não esqueçamos que estávamos em pleno salazarismo), a sua cultura e elevação intelectual, o seu entendimento de que os princípios da fé e da religião são vivos e de aplicação quotidiana, a sua permanente atenção às pessoas, a sua dinâmica e entusiasmo, a sua correcção no tratamento com todos (fossem ricos ou pobres, doutores ou analfabetos), a sua proximidade e conhecimento das pessoas, a sua disponibilidade, cordialidade e boa disposição, o seu equilíbrio e sensatez, foram traços visíveis da sua personalidade.

E foi este, sem dúvida, o principal legado que nos deixou: a sua forma de estar no mundo, de conviver e de se colocar ao serviço das pessoas.

Por isso, ao fim de quase 4 anos de presença em Oiã, o Padre António dos Santos tinha um amigo em cada oianense, fosse ou não católico, fosse ou não praticante. E a notícia da sua substituição representou, para a população, um grande sentimento de perda, até porque muito havia a esperar da sua acção e porque o bispo de Aveiro tinha prometido, na inauguração da residência paroquial, que não retiraria o Padre António dos Santos de Oiã antes de terminar a remodelação da Igreja Matriz de Oiã.

É que Oiã, nessa década de 60, apresentava carências ao nível de equipamentos religiosos. E a essas tarefas se dedicou o Padre António dos Santos durante a sua permanência em Oiã. Foi nesse período que foi construída a residência paroquial, tal e qual ainda hoje está e aprestava-se para iniciar a remodelação da Igreja, quando foi surpreendido (assim como todo o povo) pela sua substituição e transferência para Ílhavo.

É claro que, entre muita gente, havia a percepção que o Padre António dos Santos não ficaria eternamente em Oiã e que as suas elevadas qualidades lhe impunham outros destinos e outras responsabilidades. Sendo natural e previsível a sua saída de Oiã, nem por isso deixou de representar uma surpresa e choque.

E a vida de todos nós foi continuando e a vida do Padre António dos Santos também. Primeiro, como Pároco e Arcipreste de Ílhavo, poucos anos depois já como Vigário Geral da Diocese e, poucos meses depois, Bispo Auxiliar de Aveiro.

Até que, em finais de 1979, ou seja, apenas 12 anos depois de ter saído de Oiã é nomeado pelo Papa João Paulo II Bispo da diocese da Guarda, onde permaneceu quase 26 anos e revelou todas as qualidades já evidenciadas em Oiã.

A divisa que escolheu para nortear o seu exercício episcopal “FAZENDO A VERDADE NA CARIDADE”, diz-nos muito sobre a sua personalidade e sobre o seu entendimento dos valores que cultivou no seu exercício episcopal.

Paulo Branco*
* Presidente da Direcção da Comissão de Melhoramentos de Oiã


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