A embarcação, registada com o nome de "Lady Mary" nas Ilhas Virgens bri tânicas, é um iate de 18 metros que terá carregado a droga a 1.300 milhas a sudoeste dos Açores de um "barco-mãe" cuja identificação é ainda desconhecida da polícia.

Apesar de ter como destino declarado Granada, nas Caraíbas, a a tripulação foi surpreendida a 180 milhas a Oeste de Aveiro, admitindo a PJ que se preparava para fazer o desembarque clandestino da droga para lanchas rápidas, no norte de Portugal ou na Galiza.

A operação conjunta da Força Aérea, Marinha e Polícia Judiciária foi de sencadeada às 06:00 de sexta-feira, com a ajuda dos fuzileiros, que levaram apen as 20 segundos a controlar o barco, que surpreenderam os quatro tripulantes, de nacionalidade canadiana, a dormir e desarmados.

Em conferência de imprensa, o comandante Braz Oliveira, da Marinha, explicou que após informações detalhadas sobre o "Lady Mary" transmitidas pela Força Aérea, a fragata Vasco da Gama posicionou-se a 14 milhas do alvo, de onde partiu um helicóptero que introduziu por via vertical cinco fuzileiros no barco, apoiados pela abordagem de uma lancha semi-rígida com mais três militares.

O efeito-surpresa da operação militar foi totalmente conseguido, tendo os quatro tripulantes da embarcação suspeita sido encontrados a dormir, pelo que rapidamente foi controlado o barco em condições de segurança, para subirem a bordo dois inspectores da Polícia Judiciária, afirmou.

Na preparação da operação conjunta teve especial relevo o papel desempenhado pela Força Aérea, que empregou um P3, aeronave de combate e luta anti-submarina, com três homens na cabine e 12 nos diversos sensores, que permitem identificar e fazer o seguimento de embarcações, conforme explicou o coronel Carlos Ba rbosa, da Força Aérea.

"Trata-se de uma aeronave de patrulhamento marítimo que pode voar 12 horas seguidas e que está dotada de sensores que permitem fotografar, filmar, marcar rotas e interceptar comunicações, a longa distância e sem os suspeitos darem conta, passando essa informação em tempo real às autoridades em terra", explicou Carlos Barbosa aos jornalistas.

Segundo o director adjunto da PJ, responsável pela Direcção Central de Investigação ao Tráfico de Estupefacientes, José Brás, trata-se de uma apreensão de grande relevância no combate ao tráfico internacional, tratando-se de cocaína em elevado estado de pureza, que estaria a ser traficada por uma organização transnacional que vai continuar a ser investigada, em colaboração com as autoridades de Espanha e do Canadá.

A droga apreendida será proveniente da América do Sul e destinada ao mercado europeu, servindo Portugal de ponto de passagem.

Um dos quatro canadianos detidos, estava já referenciado pelas autoridades do seu país.

O "Lady Mary", que terá zarpado do porto da Horta, está referenciado pela PJ desde Maio e tem sido alvo de vigilância apertada desde há três semanas, devido a "movimentações suspeitas" no arquipélago dos Açores, onde permaneceu a a guardar pelo carregamento da droga.

O director adjunto da PJ salienta "o decisivo papel de cooperação e com plementaridade entre as diversas entidades nacionais envolvidas" para o êxito da operação.

Os quatro detidos foram hoje presentes às autoridades judiciárias no tribunal de Aveiro, aguardando-se pela decisão quanto às medidas de coacção a aplicar.

O iate "Lady Mary" permanece apreendido no porto de pesca costeira da Gafanha da Nazaré, Ílhavo, onde decorria, ao início da tarde, uma busca com a participação do Ministério Público.