O Departamento de Química da Universidade de Aveiro está a caracterizar as estirpes portuguesas da bactéria responsável pela maior parte das úlceras pépticas, das úlceras do duodeno e do cancro do estômago: a Helicobacter pylori.
O desenvolvimento de uma vacina é o objectivo último desta investigação coordenada pela UA e levada a cabo em parceria com o IPATIMUP, Universidade do Minho e um Grupo da Universidade de Guelph, do Canadá, líder na investigação sobre a referida bactéria. A Helicobacter pylori tem sido descrita como sendo uma das bactérias responsáveis por grande parte das doenças gástricas, incluindo o cancro do estômago, o segundo tipo de carcinoma que mais mortes causa no mundo. Cerca de dois terços da população mundial e 75 por cento da população portuguesa está infectada com esta bactéria, que nem sempre se manifesta. Na maior parte dos casos, as doenças gástricas e do duodeno são tratáveis com antibióticos adequados, mas a Universidade de Aveiro quer ir mais longe: contribuir para o desenvolvimento da vacina contra as estirpes que afectam os portugueses. Uma vacinação em massa, na idade infantil, pode vir a reduzir significativamente os índices de cancro do estômago e de úlcera do estômago e duodeno. Neste momento, a prioridade da Unidade de Investigação de Química Orgânica, Produtos Naturais e Agroalimentares do Departamento de Química da UA é caracterizar essas estirpes, como nos explicou Manuel Coimbra, coordenador do projecto.
“O nosso contributo será ao nível da nossa especialidade na área da glicobiologia, nomeadamente na análise das estruturas glicosiladas da Helicobacter pylori. São estas as estruturas que permitem à bactéria infectar o estômago sem ser detectada pelo nosso organismo”. Como explicou o investigador, as estruturas glicosiladas desta bactéria desempenham um papel de extrema importância, uma vez que se assemelham às da mucosa gástrica e dos grupos sanguíneos humanos. |