O Colégio “Sacré Coeur” foi o primeiro a iniciar a troca de alunos com escolas do nosso concelho. Na verdade, convém referir que também foram alunos do Colégio Frei Gil, Instituto de Promoção Social da Bairrada, que na sua essência é semelhante ao Sacré Coeur. Este Colégio de Lamballe foi fundado pelo Abade JM de la Mennais em 1820. É um colégio católico e faz parte da rede de escolas “Menésianas”. Assim, procura assumir a missão, definida pelo Estado para os colégios da França, com um projecto educativo, inspirado numa visão humanista e cristã. A escola “Menésiana” é um lugar de instrução e educação, um lugar de enriquecimento da personalidade, um lugar de crescimento relacional e afectivo; a escola “Menésiana” quer ser uma comunidade educativa que favorece a atenção a cada um, individualmente, e o acolhimento e diálogo entre todos; a escola “Menésiana” é um lugar de vida onde os jovens constroem, no plano humano e espiritual, um caminho de liberdade e autonomia. E por uma questão de podermos ter elementos de comparação, na apresentação deste Colégio é ainda referido: O aluno tem direitos, nomeadamente, o de ser respeitado e de viver uma escolaridade de qualidade com a ajuda de todos os adultos que ali trabalham. Mas também tem deveres: o dever de efectuar o trabalho escolar que lhe é pedido, o respeito por si e pelos outros, alunos e adultos, o respeito pelo material e mobiliário, e o respeito pelas regras comuns do “viver em conjunto”. População escolar Neste ano, que termina a 4 de Julho, tem 651 alunos, 25 turmas, sendo as turmas constituídas, em média, por mais de 26 alunos (uma com 18 e outra com 21). O Colégio é dirigido por um director e depois por um coordenador por ano, um dos quais é director adjunto. Há ainda um conselheiro para a Educação, um documentalista e um animador da pastoral. Neste caso é Jean Marie Tréhorel, o grande impulsionador da Geminação, no caso do intercâmbio de alunos, já não só com este Colégio, mas com outras escolas, mais três, também de Lamballe. Há outros aspectos organizativos que convém referir, na medida em que podemos tirar ilações dos exemplos dos outros. Sim, não estamos de acordo com todos, mas cada leitor poderá retirar as suas ilações. O Colégio não é vedado. Entre os campos de futebol passa mesmo uma estrada rural. Os alunos das várias escolas são trazidos de suas casas, dos lugares vizinhos, em mais de uma dezena de autocarros que param todos numa grande área central de transportes na cidade. Daí são conduzidos para as escolas, após a escolha do respectivo autocarro. E a partida para as suas casas, às 5H30 é feita de igual modo. Fácil será deduzir a vantagem deste tipo de organização dos transportes. Aspectos pedagógicos Ao toque da campainha, cada turma aguarda próximo da sua sala onde entra, após o professor. O professor “dá” a sua aula um pouco seguindo o princípio do “magister dixit”. Na perspectiva pedagógica, poderíamos questionar este procedimento. Mas não creio ser o momento. Não há alunos nos recreios. Se, por qualquer razão, não têm aula, vão para uma sala de estudo onde há sempre professor. E, mesmo no final do dia, alguns pais que vão buscar os filhos à escola e chegam mais tarde, sabem que eles estão até poucos minutos antes da hora acordada, na referida sala de estudo, com um professor. Um ou outro professor pode ver a sua aula acompanhada pela inspecção. Se por alguma razão o considerarem necessário é entregue um relatório e efectuada uma segunda visita de avaliação. Se entretanto for útil então o professor é mandado efectuar formação complementar, ou mudado para outros serviços. Os alunos que não acompanharem as aulas por falta de atenção ou por outras razões, após dois avisos, o director chama os pais e diz-lhes que deverão procurar encontrar uma solução para esse comportamento. Organização administrativa Há um director e um coordenador de cada ano escolar (4), um dos quais é director adjunto. Depois, há um conselheiro para a Educação, um documentalista e um animador da Pastoral. Naturalmente que há depois um responsável administrativo que orienta a recepção e controle dos processos dos alunos e professores (as avaliações são enviadas por correio e os vencimentos são processados num outro serviço central). E há também os responsáveis pelo funcionamento do “self”, do refeitório. Claro que estamos a falar dum colégio integrado no grupo de escolas do seu fundador (Menésianas), como referimos acima. E a sua gestão é muito “simplificada” e feita com pessoas de uma dedicação extrema, e as famílias pagam importâncias consideráveis cada trimestre, englobando as refeições e uma inscrição anual. Cada aluno tem um “carnet de bord”, uma espécie da nossa caderneta mas que engloba Regulamento Interno, recomendações várias, participação de faltas, comunicação com os pais, etc. Enfim. O que reter? Não é verdade que as escolas do resto da Europa têm os mesmos problemas que nós temos. Apresentámos um colégio, mas os professores que estiveram noutras três escolas poderão falar das suas experiências. E isso faz-me pensar que temos que rever a nossa forma de encarar a organização das nossas escolas em muitas áreas. Ao menos, admitamos que podemos estar a falhar na forma como “deixamos andar as coisas” no ensino no País e, concretamente, no nosso concelho. E um dos interesses desta geminação é aproveitar os ensinamentos mútuos que podem ser recolhidas com este intercâmbio. Grangeia Seabra |