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31-05-2006

Estão em causa 100 mil postos de trabalho directos


Aveiro - Armadores acusam governo de ser insensível ao drama dos pescadores

A Associação dos Armadores da Pesca Industrial (ADAPI) acusa o Governo de estar a ser insensível ao drama dos pescadores e ao momento crítico vivido pelas empresas do sector, que "estão a entrar em colapso".

"Estão em causa 100 mil postos de trabalho directos e indirectos e num ano o Governo não tomou uma única medida", criticou Pedro França, da ADAPI, em declarações à agência Lusa.

Todos os barcos da frota pesqueira portuguesa estão hoje parados devido a uma greve nacional dos pescadores apoiada pelos armadores que deverá fazer-se sentir ainda hoje junto dos consumidores, disseram à Lusa fontes do sector das pescas.

Pedro França garantiu à Lusa que os pescadores e armadores não vão parar o protesto conjunto e podem partir para "outro tipo de acções" - que não especificou - se a situação não for resolvida.

Patrões e empregados das empresas de pesca vivem hoje um "momento único" de união, num protesto conjunto contra a falta de medidas do governo para fazer face à escalada do preço de combustíveis, "que triplicou em dois anos e está a levar as empresas ao colapso".

"É reconhecido que os pescadores ganham hoje o mesmo ou menos do que há 10 anos e em três anos perderam cerca de 25 por cento do seu rendimento", disse à Lusa António Macedo, do Sindicato dos Trabalhadores da Pesca do Norte.

A razão do desagrado comum de armadores e pescadores está no custo dos combustíveis para as embarcações, que nalguns casos chega a representar 50 por cento do volume de negócios das empresas.

"Os custos dos combustíveis são retirados do monte de pesca e só depois é que são pagos os salários", explica António Macedo.

Empresas e trabalhadores têm visto os seus rendimentos a "evaporar" com a alta do preço dos combustíveis, o que leva os pescadores, os armadores e as organizações de produtores a estarem unidos na exigência para que o governo intervenha.

Referem que países como a França e a Espanha já adoptaram medidas de compensação, mas em Portugal apenas na Madeira e nos Açores foram criados mecanismos para fazer face ao aumento dos combustíveis para a pesca.

Contactado entretanto pela Agência Lusa, o ministro da Agricultura e das Pescas, Jaime Silva, disse que a eventual criação de subsídios governamentais para compensar o aumento do preço dos combustíveis reivindicados pelos pescadores não vai resolver os problemas do sector, porque o petróleo vai continuar a aumentar.

Jaime Silva disse à Lusa que a resolução do problema do sector da pesca em Portugal não passa por mais dinheiro entregue pelo Governo aos pescadores mas por uma reorganização do sector que vise ganhos de produtividade.


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