A área ardida este ano já ultrapassou em Portugal os 300.000 hectares, segundo estimativas da Liga Portuguesa dos Bombeiros, que apontam ainda que este mês está a ser o pior Outubro dos últimos 15 anos. O presidente da Liga Portuguesa dos Bombeiros (LPB), Duarte Caldeira, disse hoje à Lusa que, segundo cálculos da organização que se têm revelado próximos da realidade, este ano já terão ardido mais de 300 mil hectares de floresta, o que faz de 2005 o segundo pior ano desde 1990. "Seguramente nesta altura já teremos ultrapassado os 300 mil hectares ou cerca de 300 mil campos de futebol, mais do dobro da área ardida no ano passado, o que faz deste ano o pior dos últimos 15 anos, a seguir a 2003", quando arderam cerca de 400 mil hectares, afirma. O responsável diz ainda que "nunca, ao longo destes 15 anos, na primeira semana de Outubro houve tantos e sobretudo tão gravosos incêndios como este ano". O presidente da LBP salienta que estes números foram apurados com base numa análise comparativa de dados monitorizados pela estrutura dos bombeiros desde 1990, que só depois são comparados com os dados oficiais. "Estes dados não são fechados nem rigorosos, mas a experiência de anos anteriores permite concluir que esta avaliação não se afasta muito dos dados oficiais", salienta o responsável. De acordo com o presidente da LPB, o número elevado de incêndios registados nesta primeira semana de Outubro estará relacionado "com as altas temperaturas verificadas este ano e com a anormal situação de seca" vivida pelo país. "O risco de incêndio está associado à trilogia temperaturas acima dos 30 graus, velocidade do vento acima dos 30 quilómetros/hora e índice de humidade abaixo dos 30 por cento", explicou, salientando que a "anormalidade deste mês de Outubro", com temperaturas de Verão o índice de seca elevado, tem facilitado a deflagração e propagação dos fogos. Duarte Caldeira salienta ainda que é possível que 2005 seja o segundo pior ano desde 1980, altura em que começou a recolha de dados credíveis, e que a primeira semana de Outubro seja, em termos comparativos, até agora a pior em termos de área ardida nos últimos 25 anos. "No entanto, só a partir de 1990 a análise se começou a apoiar em critérios estatísticos, pelo que uma comparação com os dados anteriores poderia deformar a análise", explicou. O último balanço oficial da Direcção-Geral de Recursos Florestais, relativo ao período até 25 de Setembro, revela que os incêndios queimaram uma área de 286.383 hectares, mais do dobro do total registado em 2004, quando arderam cerca de 129.529 hectares de floresta. Mesmo assim, a área ardida este ano não chegou aos números de 2003, o pior ano das últimas duas décadas, quando arderam mais de 400 mil hectares. O Serviço Nacional de Bombeiros e Protecção Civil decidiu este ano prolongar a época de prevenção de incêndios até 15 de Outubro, devido ao elevado risco de fogo que se mantém. Este ano morreram 18 pessoas em consequência dos incêndios florestais em Portugal, 11 das quais bombeiros. O Instituto de Meteorologia (IM) prevê que as altas temperaturas para a época se mantenham até ao próximo fim-de-semana. Segundo a previsão do IM, os distritos de Viana do Castelo, Braga, Porto, Viseu, e Bragança estão hoje em risco máximo de incêndios. Em risco muito elevado estão os distritos da Guarda, Aveiro, Castelo Branco, Coimbra, Leiria, Santarém, Lisboa e Évora. Os distritos de Setúbal e Faro estão em risco elevado e o de Beja apresenta um risco moderado de incêndio, enquanto Portalegre é o único com risco reduzido. |