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25-08-2005

Confraria vai preservar gastronomia e combater desertificação


Águeda

“A Aldeia Gastronómica” é o nome da nova Confraria que vai surgir na aldeia serrana da Urgueira, em Macieira de Alcoba, concelho de Águeda, que terá como finalidade a preservação das diversas variedades gastronómicas serranas que são confeccionadas no forno.

Tem ainda como objectivo o combate da desertificação da Urgueira, onde, no último domingo, se repetiu o chamado “Milagre da Urgueira”.

Romeiros enchem a serra

Recorde-se que milhares de romeiros se deslocam a esta aldeia, localizada a mais de 700 metros de altitude, onde existe um forno comunitário que coze broa, ininterruptamente, durante todo o dia.

Reza a tradição que, no final do século XIX, o pão era metido e tirado por um homem que entrava descalço dentro do forno com um cravo na boca. Este feito esvaziava as vizinhas aldeias serranas do Caramulo que vinham ver o alegado milagreiro.

Da aldeia restam quatro casas habitadas, mas desde 1996, altura em que começou a recreação do alegado milagre, pelo menos onze casas já foram recuperadas por pessoas que as têm como segunda habitação.

Aldeia Gastronómica

Manuel Farias é o presidente da Associação “Os Serranos” que reconstruiu a festa e o forno.

Agora está na génesis da confraria “A Aldeia Gastronómica” que, segundo disse ao JB, tem os estatutos internamente aprovados.

Este responsável garantiu que a confraria vai ter uma predominância feminina, já que são as mulheres que têm um papel muito importante na organização da aldeia, e sempre estiveram ligadas ao forno.

Manuel Farias explicou ainda que a confraria, que não terá confrades, mas vizinhos, pretende ser uma comunidade alicerçada nos valores que regem o conceito desta aldeia.

“Nunca sairei daqui”

Valores que, segundo Iria Conceição, de 87 anos, a mais velha habitante da Urgueira, estão bem vivos. “Apesar de morar sozinha, nunca sairei daqui por nada. Apenas quatro casas estão habitadas e somos todos muito amigos, o que é muito bonito”.

Iria Conceição diz que foi duas vezes à Bélgica, onde estão emigrados os filhos, e que mesmo assim não pretende abandonar a sua casa em troca da civilização.

“Ou será que a civilização está aqui no meio da serra, onde ninguém interfere na nossa vivência”? Questiona a mulher mais respeitada da aldeia.

Apesar dos seus 87 anos, não é a idade que lhe rouba a agilidade e a facilidade com que galga as pedras entre os penhascos que a conduzem à sua casa.

É na pequena habitação, construída em pedra, que Iria Conceição possui uma parreira de uvas que cobre todo o alpendre, e ao lado um curral onde o cevado é criado e morto. “Dá carne para mim e para os meus filhos que estão na Bélgica! exclama a idosa, afirmando que “é da aldeia que as coisas boas saem”.

A habitante garantiu ao Jornal da Bairrada que, enquanto tiver energia, continuará a fazer todos os dias sopa, que “é meio sustento”, e que encara os novos habitantes da aldeia, que surgem durante as férias, como uma forma de salvaguardar aquilo que já estava em destruição avançada no tempo dos seus pais. Até porque muitas casas foram feitas no início de 1800.

Números

700 metros é a altitude a que está localizada a Urgueira, uma pequena aldeia que faz parte da freguesia de Macieira de Alcoba, pertencente ao concelho de Águeda. Está paredes-meias com a Serra do Caramulo. Do lado Norte toda a mancha florestal foi consumida pelos incêndios há perto de seis anos. Do Sul, uma extensa mancha de pinheiros ainda se mantém verde, bonita, e bem vigiada pelos populares.

11 Casas foram recuperadas na aldeia da Urgueira, na sua generalidade por pessoas que tiveram laços familiares com aquela aldeia.

4 Casas continuam habitadas, na sua maioria por pessoas idosas, com água quanto baste, electricidade, serviço de correios e até mesmo um telefone público.

Pedro Fontes da Costa
pedro@jb.pt


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