Muitos aplausos, alguns vivas ao Papa e depois um clamor, quando a cortina da varanda da Basílica de São Pedro se abre e o cardeal Ratzinger é apresentado pela primeira vez aos fiéis como Papa eleito. Um mar de gente enche a praça de São Pedro e toda a avenida principal de acesso ao Vaticano. Todos querem ver o 265/o papa. Tinham vindo a correr mal ouviram a notícia da eleição surpreendentemente rápida - à quarta votação -, abandonando locais de trabalho, carros privados e transportes públicos. Entre o clamor, comentários pontuais marcam algum desapontamento pelo nome escolhido. Há referências à idade de Ratzinger e ao facto de ser demasiado conservador. Outros confessam que teriam preferido "um papa italiano". Entre os desapontados, António Pereira. Vive em Roma desde 1991, e estava no autocarro a caminho do Vaticano para "ir ver o fumo negro" quando ouviu pela rádio a notícia de que afinal era branco. "Estava mesmo à espera do fumo negro e esperava que fosse D. José Policarpo", admite, explicando que o cardeal-patriarca de Lisboa foi o seu reitor na Universidade Católica e que seria uma pessoa ideal para "ajudar a resolver" os problemas actuais. Mas a maioria parecia estar claramente satisfeita, a julgar pelo quase constante aplauso, só interrompido para escutar as curtas declarações iniciais de Bento XVI. Com apenas quatro escrutínios, os 115 cardeais eleitores conseguiram escolher aquele a quem cabe a responsabilidade de guiar os destinos da igreja católica. A diversidade de nacionalidades, origens, fés e idades de quem hoje estava na Praça de São Pedro, caracteriza o que tem sido a reacção popular neste processo de transição papal. Longe das análises, dos comentários e das opiniões que esta escolha pontifical suscitará, quem hoje estava em São Pedro dividia- se entre a fé e a curiosidade de testemunhar o momento histórico. No curto quarto de hora entre a frase tradicional "Habemus papam" e a saída do papa Bento XVI da varanda, sucederam-se os aplausos - uma manifestação de alegria e regozijo que dois grandes grupos de freiras de congregações diferentes exemplificaram gritando em uníssono "Ei-lo!", benzendo-se e juntando-se também ao aplauso. |