De acordo com o Relatório Quinzenal de Acompanhamento da Seca, divulgado quarta-feira pelo Instituto da Água (INAG), o distrito com mais problemas no abastecimento é o da Guarda, com 2.245 pessoas afectadas, distribuídas pelos concelhos de Trancoso (1.000 pessoas), Celorico da Beira (725) e Almeida (520).

As causas apresentadas pelo relatório para os problemas já registados prendem-se com "nascentes com pouca quantidade", ou "nascentes com pouca quantidade e esgotamento de furo".

Nas dez localidades afectadas no distrito da Guarda, a população está a ser abastecida por viaturas de bombeiros.

Faro é o segundo distrito mais afectado por problemas relacionados com o abastecimento de água, sendo que 860 pessoas de 11 localidades do concelho de Alcoutim - quase um quarto (23 por cento) da população do concelho - sentem falta de água.

Para remediar, o relatório do Instituto da Água aponta como medidas de mitigação da seca e sensibilização a "abertura de novos furos nas povoações afectadas, a colocação de bombas de pressão e a realização de campanhas de sensibilização para racionalização e consumo de água".

No concelho de Alcoutim, o esgotamento dos furos é a causa apresentada para os problemas de abastecimento.

No Alentejo, o distrito de Beja apresenta problemas no abastecimento público às populações nos concelhos de Mértola (393 pessoas em cinco localidades) e Odemira (360 em duas localidades), num total de 753 pessoas.

Em Mértola, o estudo do INAG indica que o transporte de água tem sido realizado por auto-tanques e que a população tem sido sensibilizada para a racionalização de consumos, também através de um programa de informação numa rádio local.

O quarto distrito mais afectado é o de Aveiro, onde no concelho de Sever do Vouga, localidade de Pessegueiro do Vouga, cerca de 750 pessoas têm dificuldades relacionadas com falta de água.

Por último, em Castelo Branco, os concelhos com problemas de abastecimento de água são os de Mação (400 pessoas) e do Sabugal (348).

O estudo refere ainda dificuldades no abastecimento de água no distrito de Bragança, no concelho de Vinhais, mas apenas em 120 pessoas de três povoações, tal como em Viseu (120 pessoas em Mileu, Moimenta da Beira).

Nos restantes distritos do país, sublinha o INAG, não se verificam, até 15 de Março, dificuldades no abastecimento público de água.

Em termos gerais, o relatório do Instituo da Água indica que cerca de 60 por cento do território de Portugal continental está em situação de "seca extrema", devido a um agravamento da situação nos últimos quinze dias.

João Avilez, um dos coordenadores do mais recente Relatório Quinzenal de Acompanhamento da Seca elaborado pelo INAG, disse à Agência Lusa que a 28 de Fevereiro "a percentagem de Portugal continental em situação de 'seca extrema' estava entre os 40 e os 45 por cento".

O relatório divulgado quarta-feira pelo INAG, que analisa a situação até 15 de Março, indica que "em relação a 28 de Fevereiro verificou-se um aumento de cerca de 15 por cento de território afectado por seca extrema".

O mesmo documento indica que todo o litoral português excepto nas zonas litorais do baixo Alentejo e do Barlavento Algarvio estão numa situação de "seca extrema".

Também o sotavento algarvio, mais de metade do Baixo Alentejo, o Alto Alentejo e cerca de metade da zona das Beiras estão na mesma situação.

O resto do país, excepto uma zona do Nordeste com "seca moderada", está em situação de "seca severa".