A Quercus questiona as intervenções nas margens do Rio Vouga.
No dia 7 de junho, o Núcleo Regional de Aveiro da Quercus denunciou e pediu explicações a um conjunto de entidades competentes relativamente ao abate indiscriminado de vegetação na margem direita do rio Vouga no concelho de Albergaria-a-Velha.
“Sendo amplamente reconhecida a importância das galerias ripícolas autóctones para a sustentabilidade das bacias hidrográficas, e estando a área em causa inserida na Zona de Proteção Especial da Ria de Aveiro, no Sítio da Lista Nacional de Sítios da Rede Natura 2000 e na Reserva Ecológica Nacional, não se compreende nem se encontra qualquer justificação para este tipo de intervenção”.
Para a Quercus tratou-se de um “atentado ambiental contra a biodiversidade, a qualidade ecológica da água, os solos e, em geral, contra os serviços de ecossistema que a galeria ripícola presta ao homem”.
Já não é a primeira vez que as queixas surgem e este ano, mais uma vez, a ação de limpeza foi tomada como destruição da “galeria ripícola” pelos ambientalistas.
“É assim tão difícil perceber, por parte de quem realiza estas intervenções, a importância da galeria ripícola para a proteção das margens e dos próprios terrenos agrícolas adjacentes?”
No dia 3 de julho, a Comunidade Intermunicipal da Região de Aveiro (CIRA) anunciou o investimento de 592 mil euros para efetuar o emparedamento rochoso entre São João de Loure, Angeja e Frossos, em Albergaria-a-Velha, e Eixo e Esgueira, em Aveiro, numa extensão de 6,3 km, como tem vindo a ser feito um pouco mais a montante na margem do Vouga na freguesia de Eixo/Eirol, para evitar a erosão.
Segundo a CIRA, as cheias ocorridas nos últimos invernos, por insuficiente capacidade de encaixe do seu leito, provocaram “o extravaso da água para as margens inundando assim os campos agrícolas adjacentes, fragilizando e causando danos acentuados nos taludes das margens, o que provocou vários rombos nos mesmos e nos terrenos adjacentes.”
A Quercus diz que seria importante que a CIRA apresentasse um “estudo hidráulico” a justificar as cheias até porque “nos últimos anos” o rio Vouga está sob a ação regularizadora da barragem de Ribeiradio.
“Ou será que a barragem de Ribeiradio não está a cumprir parte do papel para o qual foi justificada e construída?”, questionam os ambientalistas que culpam pelos danos nos taludes das margens o corte da vegetação ripícola autóctone.
A intervenção da Quercus conclui com uma interrogação sobre o financiamento de obras por fundos europeus.
“Como pode o Programa Operacional Sustentabilidade e Eficiência no Uso de Recursos cofinanciar ações que resultam maioritariamente da repetida má gestão do território? Ainda por mais através do enrocamento/artificialização de uma área natural inserida em Zona de proteção especial e Sítio Rede Natura 2000?”
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