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28-01-2005

O combate das Barreiras


Águeda

A ANATA, embora entenda que é à Câmara municipal de Águeda que compete essa tarefa, vai recordar, uma vez mais, o Combate das Barreiras que ocorreu em 27 de Janeiro de 1919, entre portugueses que defendiam a continuidade do regime republicano e portugueses que pretendiam a reinstalação da monarquia em Portugal.

Esta sessão recordatória terá lugar no dia 29 de Janeiro de 2005, sábado, pelas 14:30 horas, no salão de conferências da Caixa de Crédito Agrícola de Águeda. Serão palestrantes o professor universitário e historiador, António Reis, Paulo Sucena, Deniz Ramos e. António Faria Gomes ( guardião da Casa das Balas) que desenvolverão os temas abaixo aflorados.

A 5 de Dezembro de 1919,o Presidente da República Portuguesa, Dr. Sidónio Pais formou um governo republicano, servido por monárquicos, situação que suscitou, em muitos saudosistas, a ideia da fundação de uma dinastia que começasse com Sidónio Pais ou com a restauração da monarquia com D. Manuel II, apoiado por Paiva Couceiro, ou com descendentes do rei D. Miguel I, apoiado pelos integralistas.

A 14 de Dezembro de 1918, o “ Presidente- Rei” Sidónio Pais foi assassinado, gorando-se a primeira hipótese.

Sucedeu-lhe na Presidência da Republica o Almirante Canto e Castro, que preferiu o sistema parlamentar ao presidencialismo, a comandar a governação do País.

O governo de Canto e Castro, viu-se obrigado a fazer concessões , nomeadamente às Juntas Militares criadas durante o Sidonismo, cedências que foram consideradas actos de reconhecida fraqueza por alguns partidários mais afoitos de D. Manuel II , que entenderam aproveitar o momento para trazer para a rua a revolução monárquica.

No dia 19 de Janeiro de 1919 , no Porto, Guimarães, Braga, Bragança, Viseu, e Vila Real, foi proclamada a Monarquia e constituída a Junta Governativa Provisória do Porto, presidida pelo eterno conspirador anti-republicano, Henrique Paiva Couceiro, chefe militar das incursões monárquicas nortenhas de 1911, e que, já quando da retirada por barco do rei D. Manuel II, da Ericeira para Gibraltar e depois para Londres, após o 5 de Outubro de 1910, propusera ao rei a sua instalação no Porto, para daí recuperar o poder. Henrique Paiva Couceiro, nome glorioso das forças armadas portuguesas, foi Regente, durante a efémera restauração da realeza, na Traulitânea.

Na província os êxitos momentâneos da Junta Governativa Monárquica do Norte foram mudados em derrotas, rendições e deserções dos seus adeptos. Nos recontros de Vila Real e Mirandela, os monárquicos foram derrotados pelos republicanos.

Em Águeda, a 27 de Janeiro de 1919, os exércitos da Monarquia do Norte foram sustidos no importante Combate das Barreiras que decorreu entre Recardães e Serem tendo sido mais ardorosamente disputado onde é hoje o quartel da Guarda Nacional Republicana, em cujo terreno foi sepultado o Capitão Vasques.

A 14 de Fevereiro de 1919, era extinta a Junta Governativa Monárquica do Norte, após a derrota total do seu exército.

No tempo do Estado Novo, os oposicionistas de Águeda àquele regime, aproveitavam a celebração desta data, para homenagear os heróis republicanos e ganhar forças para derrubar o governo. Recordavam-se então os intervenientes nacionais e locais que participaram nesse Combate das Barreiras e na vida política da época.

Curiosamente, talvez pela tolerância ou pelo respeito que merecia aos Aguedenses, pouco se falava do apoio do Conde Sucena à formação de exércitos monárquicos e à sua contribuição monetária para a sustentação de D. Manuel II no seu exílio em Inglaterra.


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