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17-06-2016

Estudante de Biologia da Universidade de Aveiro faz investigação no Alasca. Bárbara Cartagena Matos estuda a alimentação das lontras-marinhas.



Dificilmente haverá biólogo no mundo que nunca tenha sonhado em trabalhar num dos maiores e mais belos santuários naturais do planeta, o Alasca. A Bárbara Cartagena Matos está há dois meses a viver esse sonho. A estudante do Mestrado em Ecologia Aplicada da Universidade de Aveiro (UA), está na pequena cidade de Sitka, no sudoeste do imenso paraíso que a Natureza teceu ao longo de milhões de anos, para estudar os hábitos alimentares das lontras-marinhas. É lá que viverá até final de agosto “entre montanhas, neve, mar, floresta, ursos, baleias, auroras boreais” e, claro, lontras!

O passaporte surgiu em 2015 quando acreditou que era possível trazer o sonho para a realidade e se candidatou a uma Bolsa Fulbright, uma das mais importantes fontes de financiamento que o governo dos Estados Unidos tem à disposição dos cientistas. Ganhou com o projeto de investigação que – certamente! – irá descobrir se as lontras-marinhas procuram alimento de acordo com o valor nutricional das várias espécies de invertebrados marinhos que constituem as suas presas.

“É uma questão emergente no ramo da Ecologia Comportamental, para o qual foram feitas apenas experiências laboratoriais em mamíferos domésticos, e nunca estudados em mamíferos selvagens ou marinhos”, explica a Bárbara por email, diretamente do Alasca. Para isso, e com a colaboração da Allen Marine Tours, uma agência turística local de observação de vida selvagem, a jovem bióloga tem, para já, passado os dias a observar e a fotografar a alimentação daqueles animais a bordo dos barcos de turismo da empresa.

Além disso, com a colaboração dos biólogos do centro de ciências local, o Sitka Sound Science Center, a Bárbara pretende capturar alguns exemplares de presas de lontras para posteriormente as analisar nos laboratórios do NOAA Alaska Fisheries Center.

“Alguns investigadores do campus universitário de Sitka também têm sido extremamente gentis ao emprestarem-me material de campo e informação que preciso no decorrer da pesquisa e escrita da dissertação”, lembra. “A minha orientadora externa, a Prof. Heidi Pearson, da University of Alaska Southeast [instituição de acolhimento da bolseira], tem sido o meu maior apoio aqui, ao ensinar-me novas técnicas de campo para o estudo de mamíferos marinhos e ao ajudar-me a fazer os contatos necessários para que a investigação corra como planeado”, conta.

Com a UA, a Bárbara tem-se mantido em contato com Carlos Fonseca, professor e investigador do Departamento de Biologia da Universidade de Aveiro e orientador interno da estudante, para que o processo de dissertação vá de encontro com os padrões do Departamento Biologia. Também a Fulbright, lembra, mantém sempre o contato para que a sua estadia nos EUA seja “enriquecedora”.

À parte da investigação, a Bárbara tem tido a oportunidade de conhecer outros locais do Alasca, como Juneau, a capital do estado Norte Americano Alasca, e ainda conseguiu caminhar literalmente “Into the Wild”, por parte do Stampede Trail em Fairbanks [cidade no centro do Alasca], onde a famosa história do Magic Bus e Christopher McCandless se sucedeu. “Durante estes últimos dois meses tenho vivido e trabalhado na pequena cidade de Sitka, no sudoeste do Alasca, com uma comunidade supersimpática e acolhedora. Em troca de alojamento, trabalho alguns dias por semana no Sitka International Hostel, o que me tem dado a oportunidade de conhecer pessoas diferentes, de todo o lado do mundo”, descreve.

“Apesar das saudades típicas de uma portuguesa longe de casa começarem a apertar, estou muito grata por ter a oportunidade de estar neste lugar especial que é o Alasca”, diz.

Texto e foto: UA e Barbara Matos


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