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27-04-2015

Investigadores da UA assinam descoberta de estruturas calcárias formadas por microalgas de corais.



Investigadores da UA publicam na PNAS descoberta de estruturas calcárias formadas por microalgas de corais. As algas unicelulares que vivem em simbiose com os corais e outros animais marinhos podem formar estruturas calcárias quando na sua fase de vida livre. Esta descoberta, que traz uma perspetiva inteiramente nova sobre a ecologia destes organismos, os dinoflagelados do género Symbiodinium, consta de um artigo assinado por cinco investigadores da Universidade de Aveiro (UA) e um colega da Universidade de Tecnologia de Sydney publicado na revista “Proceedings of the National Academy of Sciences of the USA” (PNAS).

A fase de vida livre de Symbiodinium, a microalga conhecida pela simbiose com os corais, é pouco conhecida. Investigadores da UA e da Universidade de Sydney têm vindo a estudar a fase de vida livre destas microalgas e descobriram que estas, com a participação de bactérias, formam estruturas semiesféricas de carbonato de cálcio. O processo é conduzido pela fotossíntese realizada pelas microalgas, formando-se a estrutura partir de uma película de polissacarídeos produzidos por bactérias. Estas estruturas, até agora desconhecidas e denominadas “simbiolitos”, incorporam as microalgas no seu interior que, no entanto, continuam ativas, a realizar fotossíntese e em contacto com o ambiente exterior através de pequenos ductos.

Estes investigadores também descobriram que, em certas condições, as células de Symbiodinium podem sair dos simbiolitos e voltar à vida livre, podendo funcionar assim como ‘casa de abrigo’ para estas microalgas. O facto de a incorporação nos simbiolitos ser temporária pode ter implicações importantes para a ecologia destas microalgas e dos recifes de coral, explica Jörg Frommlet investigador do Centro de Estudos do Ambiente e do Mar (CESAM) e do Departamento de Biologia (DBio) da UA.

É a primeira vez que se identifica um processo de calcificação microbiano conduzido por uma espécie de dinoflagelado, sublinham Jörg Frommlet e João Serôdio. João Serôdio é também investigador do Centro de Estudos do Ambiente e do Mar (CESAM), professor do Departamento de Biologia (DBio) da UA e supervisor de pós-doutoramento de Jörg Frommlet. Os dinoflagelados são um grupo que reúne espécies pertencentes ao fitoplâncton marinho, de que é um dos principais constituintes, mas também inclui espécies de água doce.

“É incrível que sobre estas microalgas, estudadas desde há décadas e de que resultaram milhares de artigos, ainda se façam descobertas de aspetos tão fundamentais do seu modo de vida”, afirma David Suggett, da Universidade de Tecnologia de Sidney (Austrália).

O artigo publicado na PNAS, intitulado “Coral symbiotic algae calcify ex hospite in partnership with bacteria”, foi assinado por Jörg Frommlet, Maria L. Sousa e Artur Alves, do CESAM e DBio, Sandra Vieira, da Secção Autónoma de Ciências da Saúde da UA, David Suggett, da Universidade de Tecnologia de Sidney, e João Serôdio.

Os estudos têm vindo a decorrer no âmbito do projeto europeu SYMBIOCoRe (SYnergies through Merging BIOlogical and biogeochemical expertise in COral Research), financiado pelo Programa FP7 People, da Comissão Europeia (Marie Curie IRSES - International Research Staff Exchange Scheme) e pelo projeto SeReZoox, financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), ambos coordenados por João Serôdio.

Texto e foto: UA

 


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