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01-04-2003

Crise afecta construção de moliceiros


Aveiro

Aveiro Crise afecta construção de moliceiros A Câmara de Aveiro decidiu abrandar o ritmo de encomendas de novos barcos moliceiros, devido a limitações financeiras, informou hoje a autarquia. Em 1998, o executivo liderado por Alberto Souto (PS) comprometeu- se a construir 25 barcos moliceiros, num programa de revitalização das embarcações tradicionais da Ria. Este ano, a autarquia ainda não efectuou qualquer encomenda para a construção de novos moliceiros e, até este momento, saíram do estaleiro apenas nove embarcações, cedidas a colectividades locais. Em declarações à Agência Lusa, o autarca negou que tenha desistido da ideia, mas admitiu que terá de «abrandar o ritmo«. «Acho que se tivermos um por ano é interessante«, explicou Alberto Souto, acrescentando que, se a conjuntura melhorar, poderão ser construídas mais embarcações. Alberto Souto confirmou, também, que persistem os problemas de legalização levantados pelo Instituto Marítimo-Portuário, pelo que as últimas seis embarcações que a Câmara de Aveiro mandou construir em 2001 continuam a aguardar o respectivo licenciamento. «Esse processo tem-se arrastado para lá daquilo que é razoável«, afirmou o autarca, considerando «inadmissível fazer imposições para alterar os moliceiros por alegados motivos de segurança«. A Associação dos Amigos da Ria e do Barco Moliceiro, que mantém a funcionar, na Murtosa, um dos poucos estaleiros artesanais de construção e recuperação de embarcações tradicionais, já lamentou a situação, dado que a Câmara de Aveiro é «o melhor cliente«. O presidente da Associação, Manuel Augusto, diz que são as consequências da crise económica que já começaram a fazer-se sentir na carteira de encomendas. «Desde o primeiro semestre do ano passado, não é construído nenhum moliceiro novo no estaleiro«, adiantou Manuel Augusto, acrescentando que, este ano, apenas recuperaram um barco de Arte Xávega, da Câmara de Ovar, e um moliceiro. Devido a esta situação, Manuel Augusto teme pelo futuro da empresa de inserção, ligada ao estaleiro, referindo que a Associação está a «tentar arranjar alternativas«. Em Novembro do ano passado, a Associação dos Amigos da Ria e do Barco Moliceiro deslocou-se a uma feira na Holanda, com vista a procurar clientes que pretendessem consertar embarcações tradicionais nos estaleiros de Aveiro e da Murtosa. Contudo, apesar da receptividade dos visitantes, que elogiaram a qualidade da construção naval aveirense, a participação no certame acabou por revelar-se infrutífera, porque o estaleiro da associação não está vocacionado para embarcações tão grandes, explicou Manuel Augusto. (14 Mar 03 / 10:07)

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