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19-03-2015

Estudante da UA embarca em expedição internacional à Antártida. Ricardo Correia vai ajudar a desvendar segredos dos mantos do gelo.



As malas já estão feitas. Para além das roupas quentes (muito quentes!), na bagagem do Ricardo Correia já está acomodada uma grande dose de ansiedade. Não é para menos. O estudante de Engenharia Geológica da Universidade de Aveiro (UA) prepara-se para embarcar naquela que será, certamente, uma das viagens que lhe ficará na memória para sempre. De 24 de Março a 3 de Maio, o Ricardo estará a bordo do navio científico Nathaniel B. Palmer que irá navegar ao sabor das principais de correntes de gelo na plataforma continental do leste da Antártida.

A expedição científica internacional, com a ajuda do Ricardo, quer recolher dados para perceber se, de facto, a reação dos grandes mantos de gelo locais face às alterações climáticas estão a ter impacto no nível do mar, nas correntes oceânicas e nos ecossistemas do planeta.

Composta na sua maioria por investigadores americanos e australianos, coordenados por Frank Nitsche, da unidade de investigação Lamont-Doherty Earth Observatory da Universidade de Columbia (EUA), os cientistas vão recolher informações acerca da plataforma continental adjacente com o Manto de Gelo da Antártida Este, nomeadamente sobre o passado e o presente da dinâmica do gelo, extensão máxima de gelo, e direção de fluxo de paleo-correntes de gelo, através da recolha e análise de dados batimétricos de elevada resolução.

“Adquirir medições de coluna de água, nomeadamente temperatura e condutividades em função da profundidade nas zonas proximais da Talude Continental ao longo da região em estudo, para identificar a presença de águas com temperaturas que possam contribuir para condições de degelo”, descreve Ricardo Correia, é outro dos grandes objetivos da expedição que, no dia 24 de Março levanta a âncora do Porto de Hobart, na Tasmânia, em direcção ao extremo sul do planeta.

Posteriormente, com base nas informações recolhidas, os cientistas vão testar a hipótese de que as instabilidades do Manto de Gelo da Antártida Este verificadas atualmente podem estar relacionadas com condições morfológicas da plataforma continental. Um cenário que, a acontecer, pode estar a facilitar a intrusão de águas com temperaturas que possam acelerar o processo de degelo, como foi verificado em estudos prévios na região do Manto de Gelo da Antártida Oeste.

A bordo do navio do programa polar americano NSF-USAP Nathaniel B. Palmer, Ricardo Correia, estudante do primeiro ano de Mestrado no Departamento de Geociências e membro do Centro de Estudos do Ambiente e do Mar (CESAM), terá como missão “auxiliar no processamento dos dados batimétricos, para posteriormente facilitar a sua interpretação, e na recolha de sondagens do fundo marinho”.

“A participação nesta expedição e todo o seu trabalho associado abrange áreas de investigação de Geologia Marinha, Geofísica e também Oceanografia, onde tenho estado envolvido desde a fase de conclusão da Licenciatura”, aponta o estudante. A participação nesta missão suportará, por isso, as bases para a dissertação de mestrado do Ricardo.

A oportunidade do Ricardo Correia participar na expedição surgiu no seguimento da existência de vagas para embarcar no navio Nathaniel B. Palmer e na possibilidade de ser integrado no projeto de investigação EAIS-MARGINS (Vulnerability of East Antarctic Ice Sheet Margins), uma oportunidade única criada pela investigadora Caroline Lavoie, do Departamento de Geociências e do CESAM da UA, especialista em ciências polares.

“A possibilidade de participar nesta expedição foi também concretizada graças ao apoio logístico fornecido pelo Programa Polar Português – PROPOLAR. Trata-se de uma iniciativa coordenada pelo CEG/IGOT-UL, CCMAR-UALG, IMAR-UC, CQE/IST-UTL e CIIMAR-UP que facilita o acesso de investigadores de instituições nacionais a regiões polares e funciona em coordenação próxima com o Gabinete Polar da Fundação para a Ciência e Tecnologia”, aponta Ricardo Correia.

 

 


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