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01-04-2003

O rosto do vinho” ou homenagem aos pioneiros


Anadia

Anadia “O rosto do vinho” ou homenagem aos pioneiros Abriu ao público, na última sexta-feira, dia 4, na Galeria Municipal do Centro Cultural de Anadia, uma exposição de rótulo de Anadia a que foi dado o adequado e sugestivo título “O rosto do vinho”, uma iniciativa da parte da câmara, cujo presidente considerou inédita e de muito interesse. Mas nem só do rótulo vive a mostra, também de peças de arqueologia rural, vária documentação e de algumas garrafas de velho néctar. BELEZA E ARTE Trata-se de uma exposição inédita, pelo menos com esta abundância e abrangência na região, esta que está patente ao público até ao dia 30 do corrente mês. Largas centenas de rótulos expostos em vitrinas, onde surge sempre uma cepa, como a fonte de tudo o que está exposto, são o motivo central da festa e do rosto do vinho. De resto, é a roupagem para a qual primeiro os olhos se voltam. É efectivamente o rosto. Só depois se concentram no corpo da garrafa e, podendo ser, no seu conteúdo. Os rótulos ali apresentados, alguns em memória dos vinhos que já não há e de primeiras empresas, outros a cheirarem ainda a tinta e mosto fresco, uns e outros são sempre uma peça de arte, porque neles e nas suas cores e elementos decorativos pôs o autor um pedaço de arte e talento. Por isso, há-os com mais ou menos toque de inspiração, mas todos reflectem uma época e uma concepção de arte, mas também de marketing. Uns mais bonitos, outros nem tanto, também podem mostrar, por outro lado, a grandeza do produtor. Agora o que mostram de certeza é a imensidade de empresas e produtores ligados ao sector vitivinícola, senão já no século XIX, pelo menos nos princípios e meados do século XX. O concelho de Anadia que, de resto, foi o pioneiro na produção do espumante, ainda hoje concentra no seu espaço territorial a maior quantidade de produtores do país que não deslustram pela sua qualidade. Curiosamente entre as centenas de rótulos, há um de espumante que chama a atenção: o das caves Lucien Beisecker, Lda., fundada em 1894 e que foi pioneira na produção de espumante da Bairrada, foi confeccionado na década de 20. A exposição dimensiona-se em duas vertentes, se assim se pode catalogar. Na Galeria Municipal espraia-se nas vitrinas-expositores uma imensidade de rótulos, (mas alguns em grandes dimensões enfeitam também ainda as paredes) um pouco à mistura com peças de arqueologia, dignas de museu, como bombas de trasfega ou máquinas de capsulagem. Também não faltam os “quintos” que, por sinal, sobem a escadaria a fazer a ligação entre o que se encontra no rés do chão e no primeiro piso. Na cave, exibem-se vinhos raros, alguns à mistura com alguma curiosa informação e documentação e igualmente peças de museu, tudo muito bem distribuído, dando um ar de leveza à exposição que teve na abertura muita gente ligada ao sector a visitá-la. “UM TRABALHO ESPECTACULAR” Quem não faltou foi o presidente da câmara municipal de Anadia, Litério Marques, e a vereadora, Maria Teresa Cardoso e ainda o presidente da junta de Arcos, Fernando Adelino Pires Fernandes (Fernandito). Fora do circuito político, o presidente da Confraria do Enófilos da Bairrada, Dr. Fernando Amaral Gomes e o presidente da Comissão Vitivinícola da Bairrada, António Francisco Ferreira, entre muitas outras personalidades. Litério Marques, no uso da palavra, realçou a iniciativa “numa altura em que a câmara investe de forma clara na vertente cultural”, mas não se deu por satisfeito, uma vez que “gostaria de ter aqui uma coisa mais importante”, mas era a primeira vez que “fazemos uma coisa do género”. Apesar disso, confessava: “conseguimos um trabalho espectacular” que, no entanto, só era possível graças à colaboração de muitas pessoas, ligadas à vinha e ao vinho. Não podia deixar de aflorar o caso do Museu do Vinho e, por isso, acrescentou mesmo que, em face da exposição, “fica a certeza de que somos capazes de fazer mais e melhor” e todos poderão ajudar a fazê-lo, já não ali, na Galeria Municipal, mas no Museu, com mais tempo de permanência e ainda mais destaque. Alertou ainda que não será à câmara que competirá desenvolver este tipo de eventos, mas a câmara está empenhada em fazer do museu “um pólo de dinamização de tudo o que está ligado ao vinho”, não só de Anadia, mas da região, já que “ter um museu como deve ser, não só honra Anadia como também toda a região”. (11 Out / 9:28)

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