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10-10-2015

“Venham e inspirem-se para descobrir o vosso caminho!”



“Somos amigas de Ílhavo, da Gafanha da Nazaré e de Aveiro. Estão no nosso coração”. É desta forma que Vera Alvelos, Tânia Cardoso e Madalena Palmeirim, encenadora, actriz e responsável pela sonoplastia da peça “A viagem de Sonia Delaunay”, respectivamente, falam da relação que criaram com a terra que as “acolheu” ao longo das últimas semanas, permitindo-lhes tornar real o espectáculo que, hoje, tem a sua estreia oficial no Centro Cultural da Gafanha da Nazaré (CCGN).
No espectáculo, o quadro aparece perfeito. Encaixado na sua moldura feita de luzes e cores. Exposto numa sala de renome, onde, olhares atentos o vão apreciar, comentar e, talvez julgar. Dali, parte para outras salas. Outros museus. Para outros públicos. No dia em que esta viagem se dá a conhecer ao mundo, o Diário de Aveiro apresenta a conversa que manteve com as artistas que o criaram. Que passaram por cada esboço, corrigiram cada traço fora do sítio e que lhe deram cor. A cor é o motivo principal desta peça, apresentada, agora, pelas suas criadoras.

Diário de Aveiro: Que “viagem” é esta que vai subir ao palco do CCGN?
Vera Alvelos: Esta é uma peça sobre a vida e a obra da Sonia Delauney. Só que não é sobre a vida e a obra inteiras, porque isso seria uma imensidão. Seleccionámos os primeiros trinta anos e quisemos dar esta ideia de viagem, que corresponde a uma primeira mudança de Gradizhsk [Ucrânia] para S. Petersburgo [Rússia] – onde ela recebe toda a educação e abertura para o mundo –, e também onde percebe que quer ir para Paris. Essa é primeira grande viagem que ela faz, antes da grande viagem para Portugal. Daí o título da peça ser “A viagem de Sónia Delaunay”. No fundo, a peça é uma janela para a vida dela e para a época do Modernismo, ou seja, a revolução das artes [que aconteceu] no início do século XX. Aqui, abordamos a relação entre os artistas internacionais que se juntaram em Paris, mas também o que se fez em Portugal na mesma época. Isso, através do núcleo artístico em Vila do Conde, que foi de uma vibração extraordinária. Não era só em Lisboa, com a revista Orpheu, e com os escritores na Brasileira. De repente há arte europeia e grandes artistas que se juntam em Vila do Conde, criando um momento super-interessante com uma criação artística muito forte. Nós quisemos abrir a janela para essa época através de uma personagem que tem uma história pessoal e artística muito rica.


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