A necessidade de um maior investimento na educação, a recuperação do prestígio e do respeito pelos professores, uma maior responsabilização da família no processo educativo e uma aposta mais firme na cidadania foram alguns dos assuntos abordados durante o debate sobre Educação organizado pelo Rotary Clube de Oliveira do Bairro, na penúltima terça-feira.
O presidente do Rotary, Fernando Castro, frisou que o clube se dedica à alfabetização e procura discutir temas atuais e que interessem à comunidade, pois “Rotary serve a comunidade e é um movimento aberto à mesma”. As duas horas de debate mostraram-se limitadas para um tema que carece de uma reflexão profunda e que merecia uma plateia bem mais composta na Cafetaria do Quartel das Artes.
O diretor do Instituto de Educação e Cidadania (IEC), Arsélio Pato de Carvalho, foi o moderador, começando por chamar a atenção para esta realidade: “vivemos um momento perigoso, em que se nota um claro descréscimo de investimento na educação”. Por outro lado, na Ciência, “onde estávamos mais atrasados, investiu-se e deu-se mais atenção aos investigadores”. “É preciso fazer o mesmo na educação, ouvir os professores e os pais, e envolver toda a população”, reforçou Arsélio Pato.
Focando-se nas questões locais, a diretora do Agrupamento de Escolas de Oliveira do Bairro, afirmou que, em termos de infraestruturas, o concelho está bem servido no pré-escolar e 1.º ciclo (com os oito novos polos), a EB 2/3 Acácio Azevedo foi recentemente requalificada, “falta uma intervenção urgente na EB 2/3 de Oiã e na Escola Secundária de Oliveira do Bairro”, assim como “faltam recursos humanos, nomeadamente auxiliares”.
Em nome dos pais/encarregados de educação, Óscar Caldeira frisou o papel da associação de pais enquanto “fiscalizadores” e intermediários entre os pais e a escola. No entanto, lamentou que, “à medida que os filhos vão crescendo, se note uma maior desresponsabilização dos pais”.
Dina Ferreira, assistente do Governador para o clube rotário de Oliveira do Bairro, reforçou esta opinião, dizendo que “se passou o papel de educador para o professor”. “O professor deixou de ter autoridade e isso vem da educação em casa, que é base de tudo.”
A constante mudança de governo, de ministro e de políticas de educação foi outro dos assuntos abordados, com Júlia Gradeço a ser muito crítica. “Nós não conseguimos desligar escola de política. Cada ministro vem impor uma realidade nova, tem de ir contra o que estava estabelecido e impor uma nova vontade política. [A ministra] Maria de Lurdes Rodrigues foi a única que vi ao lado dos professores.”
A palavra foi dada também aos alunos. Joana Vitória, aluna do 11.º ano da ESOB, falou um pouco sobre a sua mudança de área, de ciências para humanidades, considerando que “cada pessoa tem o seu lugar e tem de estar na profissão onde se sinta bem”.
Abordando um outro tema do debate, Arsélio Pato de Carvalho referiu-se às novas formas de (an)alfabetização, como o facto de haver pessoas que hoje não sabem mexer em computadores.
O debate contou ainda com a intervenção de Sónia Ferreira, que esmiuçou os programas de ciências experimentais no IEC e nas escolas.
Júlia Gradeço terminou focando-se na “descredibilização da escola pública a favor da escola privada”, apelando a que “não caiamos neste engodo e acreditemos na escola pública”.
Oriana Pataco
|