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NOTÍCIAS |  | | 01-04-2003
| Aplicar cafeína na pele diminui o risco de cancro
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Aplicar cafeína na pele diminui o risco de cancro
Cientistas norte-americanos descobriram que a cafeína, o estimulante químico existente no café e no chá, tem a capacidade de diminuir o risco de cancro da pele em ratinhos de laboratório.
Segundo as investigações, uma loção para a pele enriquecida com cafeína ou outro componente do chá verde pode reduzir em mais de metade o número de cancros da pele em ratinhos sem pêlo expostos a níveis brutais de radiação ultravioleta, explicou Allan Conney, investigador na área da leucemia e cancro na Universidade de Rutgers, New Jersey.
«Obtivemos entre 50 a 70 por cento de inibição na formação de tumores nos ratinhos que foram tratados com cafeína ou com EGCG (o outro composto químico)«, disse Conney, autor sénior do estudo publicado esta semana no endereço on line da revista Proceedings of the National Academy of Sciences.
O cancro da pele é o mais comum dos cancros nos Estados Unidos, e a Academia norte-americana de Dermatologia estima que cerca de um milhão de novos casos serão diagnosticados neste país no próximo ano.
Para testar os efeitos da cafeína nos cancros da pele, Conney e os seus colegas expuseram 90 ratinhos (de uma estirpe conhecida por não ter pêlo) a altos níveis de radiação ultravioleta duas vezes por dia durante 20 dias.
Depois de terem recebido a sua dose de UVB, os animais foram divididos em três grupos. A um foi administrada diariamente uma solução à base de acetona e cafeína.
Um outro grupo foi tratado com acetona e EGCG, e o terceiro recebeu apenas aplicações de acetona (solução orgânica muitas vezes usada na pele).
Ao fim de 18 semanas, os três grupos de ratinhos foram mortos, e o nível de formação tumoral na pele foi analisado.
Conney explicou que ratinhos dos três grupos desenvolveram tumores da pele malignos, carcinomas celulares escamosos, mas o número de tumores por rato baixou em 72 por cento nos que foram tratados com cafeína e em 66 por cento nos tratados com EGCG, comparativamente aos do grupo de controlo que receberam apenas acetona.
Os ratinhos tratados tiveram também menos tumores não malignos relacionados com a exposição à luz solar, disse Conney.
Quando comparados com o grupo de controlo, os ratinhos tratados com cafeína tiveram 44 por cento menos tumores não malignos por animal, enquanto que no grupo tratado com EGCG essa percentagem foi de 55 por cento, disse.
O cientista explicou que apesar dos dois componentes serem eficazes em reduzir o risco de tumor, a cafeína tem vantagem porque é quimicamente mais estável que o EGCG.
Ao contrário das loções solares com ecrã, que protegem contra o cancro da pele prevenindo que esta absorva os raios ultravioleta do sol, a protecção à base de cafeína trabalha nas células após a exposição aos raios ultravioleta.
Os raios solares podem causar alterações genéticas na pele capazes de levar ao cancro.
Conney diz que a cafeína bloqueia aparentemente esta acção fazendo com que as células anormais se matem, um tipo de suicídio celular programado que previne o desenvolvimento de tumores.
«Não se trata de um efeito de protecção solar«, disse, acrescentando «tratar-se de um efeito biológico«.
O cientista indicou ainda que a cafeína age de forma selectiva, por isso as células anormais morrem sem que isso afecte as normais.
A cafeína, substância consumida diariamente por uma larga faixa da população no café, chá e alguns refrigerantes, tem sido objecto de vários estudos científicos, sendo um dos mais conhecidos aquele que a relaciona com o estímulo da capacidade de alerta em muitas pessoas.
(27 Ago / 14:30)
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