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01-04-2003

Aposta na criação de cavalos


Aveiro

Aveiro Criação de cavalos ganha grande impulso A criação de cavalos na região de Aveiro ganhou, nos últimos anos, um grande impulso com o desenvolvimento da raça «Português de Desporto«, sendo ali que se encontra o maior número daqueles animais com aptidões desportivas. «Embora também se criem cavalos Puro Sangue Lusitano, estamos mais virados para a criação de cavalos com aptidão desportiva. Daí estarmos a apostar numa nova raça - o Português de Desporto«, disse à Agência Lusa o presidente da Associação de Criadores de Cavalos de Aveiro (ACCA), Carlos Mendes. Nos últimos cinco anos, assistimos a uma «explosão« na criação deste cavalo utilizado nas três modalidades olímpicas (provas de salto de obstáculos, dressage e atrelagem), sendo na região de Aveiro que esta raça tem «mais expressão« - existem cerca de 30 mil animais, segundo dados da ACCA. O representante dos criadores aveirenses de equinos não tem dúvidas em afirmar que a associação teve uma acção «determinante« no desenvolvimento desta raça, nomeadamente ao seguir o modelo holandês e adaptando-o à dimensão portuguesa. «A tipificação do criador desta região é o criador de uma, duas ou três éguas, como acontece na Holanda, que, neste momento, tem a melhor raça de cavalos do mundo«, justificou. Para «reformular« o que havia na região, a ACCA importou da Holanda alguns garanhões e inscreveu-os como reprodutores no Livro de Origem da raça «Português de Desporto«, procurando introduzir o «máximo possível« de cavalos de origem portuguesa. A mudança de mentalidades, segundo o presidente da ACCA, foi a principal barreira a ultrapassar. «As pessoas estão muito arreigadas a costumes antigos e têm uma certa dificuldade em se deixar aconselhar«, justificou. Por isso, o contacto com os criadores tem de ser «personalizado«. «Temos que andar de porta em porta a explicar às pessoas que tanto custa ter uma má égua a comer em casa, que não tem genealogia, como um animal de grande qualidade, porque necessariamente o filho desse animal vai ter outro valor no mercado«, explicou. Os primeiros cavalos nascidos dentro deste Livro de Origem começaram agora a praticar a actividade para a qual foram criados e têm vencido várias provas um pouco por todo o País. «Ainda agora a campeã da feira da Golegã, para desgosto de muitas pessoas do sul, foi uma égua de Aveiro«, realçou o presidente da ACCA, adiantando que esta é a primeira geração a mostrar «uma certa qualidade«. «Neste momento, temos nas linhas de cavalos do Português de Desporto, em termos genéticos, do melhor que há no mundo«, considerou o responsável. Ao verificar este sucesso, os criadores de outras zonas do País começaram a levar, com maior frequência, as suas éguas a Aveiro, durante a época de cobrição, para melhorarem os efectivos. Actualmente, a reprodução de cavalos é feita nos postos hípicos de Cacia e Murtosa, que, segundo Carlos Mendes, «não reúnem as melhores condições«. Contudo, essa situação está prestes a terminar com a construção do Centro de Reprodução e Testagem Assistida, que vai ser erguido em Îlhavo, com o apoio da autarquia local. Esta infra-estrutura permitirá uma prática usual nos países mais desenvolvidos nesta matéria - a reprodução através da inseminação artificial. Apesar da legislação portuguesa ainda não permitir esta prática, o presidente da ACCA afirmou que «está prestes a sair uma lei que a irá viabilizar«. A criação de cavalos na região de Aveiro é uma prática muito antiga, havendo registos da criação de «Cavalos dos Salgados« nesta zona há cerca de mil anos. «Sempre se criou aqui um cavalo de maior porte que está ligado necessariamente às condições climatéricas«, contou Carlos Mendes, explicando que a região de Aveiro tem condições naturais óptimas para a criação de cavalos de desporto, que são animais muito mais exigentes em termos de alimentação. Com duas décadas de existência, a Associação de Criadores de Cavalos de Aveiro tem assento na Associação Portuguesa de Raças Selectas, que é onde estão todos os livros de origem das raças dos cavalos portugueses, incluindo o «Português de Desporto«. A associação, que inicialmente estava implantada apenas nos concelhos de Aveiro, Îlhavo, Estarreja, Murtosa e Ovar, ganhou uma abrangência nacional e, presentemente, dos cerca de 600 sócios, cerca de 40 por cento não são do distrito de Aveiro. Lusa (25 Ago / 10:15)

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