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01-04-2003

Restauro da Capela da Giesta


Giesta

Restauro da Capela da Giesta Obras no fim com nota positiva Armor Pires Mota As obras de restauro da capela da Giesta que, da idade (aproximada) das de Santo Amaro, de Malhapão, e de Santa Margarida, de Águas Boas, é a única que resiste ao bolor do tempo, ainda que restaurada, estão na ponta final. Pouco mais falta do que a pintura exterior, embora saibamos que irá acontecer o mesmo interiormente. O que não tem faltado é dinheiro para as obras nem a boa vontade em geral: da população, da Câmara e Junta. Desta vontade e trabalho da comissão resultou um trabalho que orgulha não só a comissão responsável, mas também o povo do lugar. “Está uma obra boa e tem muito espaço”, confessou-nos o pároco, padre Artur Tavares de Almeida, o grande responsável por este melhoramento. CALOR E ACONCHEGO Ainda que corra que a capela da Giesta é mais antiga do que a própria igreja matriz (isso é verdade relativamente à actual), é impossível situar, para já, por falta de documentos em determinada data, mas poderá ter alicerces argamassados nos inícios do século XVII. De qualquer modo, um monumento notável para a época, ainda que tenha vindo a sofrer alterações e restauros. O último está em fase de acabamentos e à vista. Trata-se de uma remodelação profunda, sem, no entanto, se ter mexido na arquitecura primeira, a nível de edifício. As alterações prendem-se mais com o embelezamento interior. Um elemento que prevalece sobre todos os outros é a madeira (de carvalho) que aparece no lambrim e no tecto, dando um sinal de aconchego e ao mesmo tempo de proximidade pelo calor que irradiam. O mesmo acontece relativamente ao coro que levou uma varanda de balaústres torneados, sobraçados por um corrimão seguro. Ao coro se chega por dentro, por uma escada igualmente de madeira. Se todo o revestimento do lambrim e do tecto dão a sensação de aconchego e bem estar, isto mesmo é secundado por um guarda-vento que, sem ser grande, é funcional e desempenha o papel a que está destinado: cortar com o exterior e impedir ventos de sasassossego. O tecto novo, segundo o presidente da comissão fabriqueira, padre Artur Tavares de Almeida, nem era necessário, mas já estavam as madeiras serradas, negociadas. É que o forro antigo era de madeira de carvalho. Como estava seguro e para durar, ficaram os dois. “Tem tecto para durar até ao fim do mundo” - avançou satisfeito quem foi o verdadeiro dinamizador desta obra, ciente de que não era necessário fazer-se uma nova capela, porque “esta dá perfeitamente”. Segura como está, está para durar, mas há a nota negativa de algumas rachadelas nas paredes que certamente irão ser obturadas aquando da pintura definitiva. Assim, na sua opinião, restaurou-se a velha capela e ainda vai construir-se um salão no terreno que foi comprado, há anos, para ser construída a nova igreja, projecto que as constantes polémicas não tardaram em derrubar... PEÇAS VALIOSAS Falando da capela-mor, sem esquecer o aproveitamento da base em pedra de Ançã do púlpito, colocado à entrada da porta lateral ou da inscrustação do altar de Nossa Senhora de Fátima, um pouco mais à frente na mesma parede, também este espaço ganhou com o restauro. O altar, em pedra, bem como os degraus e espaço envolvente, são peças que vieram valorizar não só o templo, mas toda a liturgia que ali ocorra. Um pouco avançada em relação ao arco cruzeiro é nobre, sem ser pomposa, mas que dá nas vistas. Uma peça que sai dignificada de todos estes trabalhos é o retábulo da capela-mor que era pertença da anterior igreja matriz de Oiã, muito graças aos trabalhos do Horácio Branco e do Sérgio, funcionários da Câmara, que ali andaram, em trabalhos de restauro, largas semanas, restituindo valor e sobretudo preservando-a. Há material que recebeu uma nova camada de ouro e foi naturalmente restituída ao seu local próprio a imagem de oficina artesanal, do Senhor Desaparecido que por 1700 era o patrono da Irmandade das Almas que funcionou nos lugares da faixa ribeirinha e ali, na capela da Giesta, tinha a sede própria. De igual proveniência será a cruz que o suporta. Mas naturalmente a peça, a nível de estatuária mais rica e de valor incalculável é a do Espírito Santo que já teve direito a festa noutros tempos, bem como o Senhor Aparecido. O Divino Espírito Santo seria o padroeiro. OURO E FLORES Isto tudo para dizer que bem andaram as gentes do lugar da Giesta em restaurar a sua capela que ficou num brinco. As gentes do lugar e a comissão que meteu ombros a essa tarefa, arrostando talvez com as críticas que há sempre em todas as empresas do género. Mas do que todos se devem orgulhar, mesmo os que nada deram, é da obra que está à vista. Entre o que era e o que é, vai uma grande diferença, pela positiva. Porém, nem todos sabem apreciar o que é ouro ou pechisbeque. Outros nem avaliarão o esforço dos outros, dos gastos. Quando o retábulo é só por si beleza, beleza fresca, logo houve alguma displicência na colocação de flores, que não é mal em si. Mas, encostadas à madeira e douramentos, é passo que não convém. Mas, quando são em demasia e a tapar o que deve ser apreciado, então, não é bom e muito menos louvável. E foi isso que aconteceu pela festa. (13 Ago / 10:54)

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