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01-04-2003

Gabriel Mendes faz balanço da época


O. do Bairro

OBSC – Gabriel Mendes e o balanço da época agora finda Época muito positiva Manuel Zappa Depois de, nas últimas duas épocas, o Oliveira do Bairro ter alcançado um terceiro e quarto lugares, na época agora finda, o clube desceu quatro posições na classificação geral, quedando-se pela oitava posição. Mas sempre com o mérito de, em nenhuma situação, o clube viver qualquer tipo de sobressaltos clasificativos. No início da época, as perspectivas do Oliveira do Bairro voltar a lutar pelos lugares cimeiros foram divulgadas pela estrutura do futebol sénior, com maior incidência em Gabriel Mendes. O treinador dos Falcões do Cértima nunca escondeu essa sua ambição, dado que é um treinador ganhador e que quer sempre mais. A equipa, nas últimas jornadas teve as portas abertas do sexto lugar, mas a perda de alguns pontos, onde era suposto ganhar, (Alcains, Sourense e União de Coimbra), não foi possível alcançar esse desiderato. Mesmo assim, Gabriel Mendes, não esconde que o Oliveira do Bairro realizou uma época bastante positiva, considerando ainda que os clubes que ficaram à sua frente revelaram maiores qualidades em relação à época anterior. Na hora da despedida – deixou o Oliveira do Bairro por sua própria iniciativa – o técnico nortenho não poupou elogios a todos aqueles que trabalharam e lidaram de perto consigo, durante época e meia, que defendeu as cores do clube bairradino. Deixa o clube por diversos factores. Uns, enumerou-os na longa entrevista que concedeu a Bairrada Desportiva, outros, ficam só para si. Ao contrário do que foi noticiado, afinal, Gabriel Mendes não irá treinar o S. João de Ver, pelo facto dos dirigentes pretenderem alterar aquilo que tinha sido acordado. Por agora, está no desemprego. “Nunca houve intranquilidade” -Como analisa a época? -Sem querer estar a valorizar a parte que me toca, penso que foi uma época muito positiva, tendo em atenção o aumento da qualidade dos nossos adversários. Das equipas que ficaram nos primeiros lugares, eram não só melhores na quantidade e qualidade, relativamente à época (2000/2001) transacta, enquanto o Oliveira do Bairro, com um plantel que não era numeroso, fez uma época, felizmente, sem grandes problemas físicos. Não fomos muito penalizados em lesões e castigos, pois, caso isso tivesse acontecido, com baixas de jogadores do onze inicial, acredito que teríamos muitas dificuldades em recuperar e realizar o campeonato tranquilo que efectuámos. O fruto da boa época foi consubstanciado no trabalho desenvolvido por todos os jogadores, no apoio incondicional dos directores e da massa associativa, fazendo com que, em momento algum, tivéssemos intranquilidade que não nos permitisse desenvolver o nosso trabalho. -As expectativas criadas com a obtenção do quarto lugar na época passada... Esperava mais que o oitavo lugar ou não? -Sem pretender fugir às minhas responsabilidades e tem uma certa lógica, que nos últimos dois anos se tenha conseguido um terceiro e quarto lugares e, qualquer equipa que se preze, tenta sempre melhorar. Foi o que todos nós procurámos fazer esta época, mas, como já referi atrás, e é bom não esquecer esse pormenor, em campo há também os nossos adversários. E, aqui, temos de reconhecer que as equipas que se posicionaram à nossa frente, eram mais fortes do que nós, sendo que o campeonato foi mais difícil do que o da época passada. Se olharmos para o anterior, nunca escondi, independentemente da aplicação dos jogadores, que foi uma época excepcional, era um plantel reduzido e não tivemos grandes problemas com lesões. Daí eu considerar que fizemos este ano uma boa época. Agradecido a toda a estrutura do clube -Durante este ano e meio em Oliveira do Bairro, quais as recordações que leva do clube? -Em termos desportivos e mais uma vez não querendo valorizar o meu trabalho, penso que foram duas épocas muito positivas. Olhando para trás, sinto-me satisfeito pelo trabalho que todos desenvolvemos. Extra futebol, foi uma honra e um prazer muito grande representar este clube e com estes directores, não só com os mais directamente ligados aos seniores, mas também com todos dos outros escalões, onde eu tenho a certeza que o meu leque de amizades ficou mais alargado e muito enriquecido. Foi também importante, sempre que o futebol sénior tinha dificuldades, contar sempre com a colaboração do escalão (Juniores) inferior, em que vi sempre nas pessoas abertura para colaborar. A massa associativa, como todas, se ganharmos por três, acham que devemos ganhar por seis. Gostam e querem sempre mais e melhor, mas parece-me que, em momento algum, tivessem mau comportamento, que prejudicasse os jogadores e até o meu trabalho. Penso que respeitei e fui respeitado e, quando assim é, só tenho de agradecer a todas as pessoas. “Em todos eles tenho um amigo” -Perante tantos elogios, por que é que decidiu colocar um ponto final nesta relação, mais ainda a três meses do final da época? -São muitos os factores que estão nessa decisão. Um deles vem-me dar razão, a difícil solução de encontrar uma direcção. Compreendo e enalteço a preocupação desta direcção em dar oportunidade à formação e, sendo pessoas responsáveis, sabendo as dificuldades em termos financeiros, não entrando em loucuras, mas respeitando sempre os seus compromissos. Sei que nem sempre é possível formar equipas competitivas e também gosto do trabalho que faço e, não tendo jogadores com categoria, as vitórias são mais difíceis de alcançar. Outro aspecto é arranjar um clube que aposte mais no imediato, dado que tenho outras ambições como treinador. Penso que os dirigentes do Oliveira do Bairro compreenderam a minha decisão e, através das páginas do vosso jornal, gostava de enaltecer a sua postura em todos os aspectos. Não só profissionais, como em termos pessoais. São pessoas que merecem todo o meu respeito. No final deste ano e meio, sei que em todos eles tenho um amigo e, o inverso, também é verdade. -Como vê o futuro do clube? -Passa sempre pelas pessoas entenderem dar prioridade ou não aos jogadores nascidos e criados no clube. Sabendo que há jogadores de qualidade e, como o futebol é encarado hoje em dia como um negócio, que andam de mãos dadas, qualquer jogador, acima da média, que possa evidenciar-se no clube, certamente que não faltarão clubes a querer os seus serviços. Penso que com a política de rigor que tem sido apanágio desta direcção, espero que o Oliveira do Bairro seja feliz nos seus escalões e que apareçam jogadores de qualidade para, pelo menos, possa manter este nível exibicional e classificações, que muito têm honrado o clube e a vila. À espera de propostas -Mal terminou o campeonato recebeu um convite do S. João de Ver, que acabou por não dar certo. Qual será o seu futuro? -Neste momento, não tenho nenhuma perspectiva. Houve na realidade um acordo com o S. João de Ver, mas aquilo que foi acordado, por razões que me ultrapassam, queriam que fosse alterado. Com pena minha, mas por uma questão de princípio, foi anulado. Aguardo por propostas que possam vir de encontro com o que eu ambiciono. -A finalizar, Gabriel Mendes deixou a sua mensagem a todos os que de perto lidaram consigo... -Foi um prazer e uma honra muito grande ter trabalhado neste clube. Quero-lhe dizer que não saio do clube com alegria, pois, durante este ano e meio, jogadores, directores e massa associativa, passámos bons momentos. Todavia, achei que devia dar outro rumo à minha carreira e não por males entendidos entre mim e as pessoas que representavam o clube. (25 Jun / 10:19)

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