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01-04-2003

Abandono foi episódio «negro« e «vergonhoso« - José Sócrates


Aveiro

Aveiro Co-incineração Abandono foi episódio «negro« e «vergonhoso« - José Sócrates O ex-ministro do Ambiente José Sócrates classificou hoje a contestação à co-incineração e sua posterior recusa pelo actual governo como episódios «negros« e «vergonhosos« da vida política portuguesa. «Este processo deixa várias nódoas, principalmente na comunidade científica. Compete à ciência basear a bondade de uma política. Mas, neste caso, a ciência teve de ceder à politiquice, num momento negro que envergonha Portugal e de que nem convém falar em pleno Dia Mundial do Ambiente«, comentou. Numa conferência realizada na Universidade de Aveiro sobre «Política de ambiente em Portugal - desafios para a próxima década«, José Sócrates estabeleceu como uma das prioridades a adopção de firmeza na imposição das leis de defesa ambiental. «Um Ministério do Ambiente sem conflitos com promotores imobiliários é aquele que não cumpre o seu dever«, frisou. «É preciso fazer leis de defesa ambiental mais duras e impor a sua aplicação, reforçando os meios da Inspecção-Geral do Ambiente e da Brigada Verde da GNR«, acrescentou. Prioritária para José Sócrates é, também, a definição de «orientações precisas« sobre a elaboração de uma nova geração de planos directores municipais, que devem apostar «na restrição à construção«. «O cidadão quer menos betão, mais transportes públicos e menos automóveis, mais sossego e mais qualidade de vida«, sustentou. No saneamento básico, o ex-ministro defendeu a adopção de soluções multi-municipais e empresariais, em detrimento das autárquicas, e disse que o Fundo de Coesão afecta meios significativos à resolução deste problema ambiental da primeira geração até 2006. Mais cedo, «rapidamente«, o país deve «deixar de arrastar os pés« no combate ao efeito de estufa, agora que a União Europeia entregou a ratificação do Protocolo de Quioto nas Nações Unidas. José Sócrates entende que Portugal tem vindo a seguir, em matéria ambiental, um convergência com a Europa - «que tem as posições mais progressistas« na matéria -, mas acusou o seu sucessor, Isaltino Morais, de apostar numa «política-banana«, nada fazendo «ou desfazendo«. Embora aberta ao público em geral, a conferência de José Sócrates integrou-se nas actividades lectivas da disciplina de «Introdução aos Problemas Ambientais«, tendo sido organizada sob orientação de Casimiro Pio, docente da Universidade de Aveiro e membro da Comissão Científica Independente para a co-incineração. Lusa (5 Jun / 23:16)

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