"Acabou a mentira". A frase foi de Ribau Esteves, Presidente da Câmara de Aveiro, proferida esta tarde na sessão que serviu para formalizar o novo Contrato de Gestão do Estádio Municipal de Aveiro (EMA) para a época desportiva 2014/2015 entre a Empresa Municipal - Estádio Municipal de Aveiro (EMA), o Beira-Mar SAD e o Beira-Mar 'Clube'.

"Comigo acabaram as irregularidades na relação entre a Câmara e o Beira-Mar. Quero uma relação institucional legal", vincou, reforçando que "acabou-se o improviso entre a Câmara e o nosso 'cliente'", referindo-se à SAD auri-negra.

Para Omar Scafuro, Presidente da SAD, o Contrato "é pesado", adiantando que estaria mais tranquilo "se o Beira-Mar estivesse na I Liga".

"É um compromisso difícil para nós mas, asseguro, será respeitado. Temos tido muitas dificuldades financeiras, temos resolvido os problemas e respeitaremos este compromisso".

No protocolo assinado, a SAD receberá três mil euros por cada jogo realizado por outros clubes no EMA, com a excepção de encontros da Selecção Nacional (a próxima final da Super Taça entre Benfica e Rio Ave já renderá essa verba à SAD).

A SAD pagará uma renda mensal de 6.400 euros à Câmara, entre outros compromissos financeiros e logísticos assumidos.

O Clube terá de pagar uma 'renda' de 500 euros mensais.

Omar Scafuro adiantou que "a verba é importante mas a utilização deste Estádio tem o seu preço. É um Estádio importante, imponente".

Ribau Esteves, na resposta, disse que se o contrato é 'pesado' para os outros parceiros "o que direi eu que sou o responsável pela instituição municipal que, de longe, tem a pior situação financeira. Tem de haver sustentabilidade para as despesas, honra e seriedade", revelando que "esta semana foi a mais dramática da vida da autarquia a que presido. Batemos todos os recordes de penhoras sobre as nossas contas. Foi dramático. Isso tem a ver também com as contas que não se pagaram relativamente à obra deste Estádio".

"Acabou a desordem. Estamos a preparar condições para entregar a gestão do Estádio a outra entidade privada. Poderia ser o Clube".

Ribau Esteves quer uma 'onda amarela imparável'. "É importante que todos somem energia positiva à onda. O Beira-Mar não terá sucesso, não será credível e não terá futuro se continuar o 'granel' financeiro e directivo. É precisa paz para haver progresso. A 'onda', como as coisas estão, só pode crescer. Estes parceiros serão inseparáveis e unidos venceremos", sublinhando que "é fundamental atrair outros parceiros. O peso das facturas diminuirá se formos unidos. A receita alimentará a despesa e seremos credíveis", prometendo que a Câmara "não quer ganhar dinheiro com isto, nunca. Estamos a trabalhar para fazer outro Protocolo com estas e outras entidades (Visabeira), para construir um novo futuro", dizendo que "não há árabes ou chineses que invistam numa entidade desordenada e mal gerida. Em Setembro teremos novidades. Prometo ausência total de mentira".

António Cruz, Presidente do Clube, elogiou o 'esforço' feito. "Temos de começar a tratar dos terrenos adjacentes ao EMA porque precisamos de uma Academia Desportiva para evoluir. Ajude-nos nesse processo", pediu. "Estamos no bom caminho. Conto com o seu apoio, não esqueça isso", disse.

O acordo define que a SAD "ficará com a gestão do relvado, bancadas do 1.º anel, Piso 1 e espaços publicitários". Ao Clube fica entregue "o ginásio situado no Piso -3, salas para a prática do Bilhar e a Loja". Como deveres, a SAD compromete-se a "pagar uma renda mensal de 6.400 euros (correspondente a 60 por cento de desconto sobre a tabela de preços do EMA), 30 por cento dos custos de manutenção e conservação das áreas comuns, gestão dos meios técnicos e humanos afectos ao espectáculo futebol, 40 por cento dos custos da electricidade/gás/água e 30 por cento dos custos dos seguros". Quanto ao Clube, haverá lugar ao "pagamento de renda do ginásio e salas para a prática do Bilhar no valor global de 500 euros". O contrato estabelece, ainda, que cabem, como direitos, à SAD "o recebimento de três mil euros por cada jogo realizado no Estádio Municipal de Aveiro, em caso de aluguer a terceiros, a começar já no encontro da Supertaça entre Rio Ave e Benfica, à excepção de jogos da Selecção Nacional de Portugal e eventos sem fins lucrativos, e 100 euros por mês por cada camarote do Piso 2 com direito a entrada para os jogos, exploração de publicidade dos espaços definidos, bilheteira e camarote do Piso 1". Outra novidade prende-se com a criação de uma equipa de monitorização regular da execução do contrato, constituída por um elemento das três partes. (em actualização)