Falar verdade "é crucial" e mostrar a realidade pode ser chocante mas "é importante para compreender certos aspectos" da medicina legal. José Eduardo Pinto da Costa, especialista em Medicina Legal, recorre a casos que lhe passaram pelas mãos para explicar fundamentos da investigação. Diz que essa é a forma de explicar os casos publicamente. "As histórias tem de ser apresentadas com verdade. Assim, as pessoas não tem mecanismos psicológicos de rejeição. A verdade fortalece a mensagem que se pretende transmitir", disse em declarações à Terra Nova, confrontado com as 'fortes' imagens apresentadas para suportar a conferência. Pinto da Costa passou o dia em jornada de trabalho sobre criminologia e vitímologia. A sede da Junta de Freguesia da Gafanha da Nazaré acolheu o encontro que versou também temas como a violência, medo e insegurança, tráfico de seres humanos, abuso sexual, violência conjugal, assédio no local de trabalho, violência policial, violência escolar e bullying, criminosos irrecuperáveis, homicidas em série e identificação humana nas grandes catástrofes. Matérias abordadas nesta sessão que começou de manhã e prosseguiu à tarde. Pinto da Costa falou para uma plateia de cerca de 40 pessoas. "É uma 'plateia' simpática e interessada. Pretendo inter-relação permanente", vincou. "A vitímologia é uma ciência reaccionária. Durante séculos a vítima foi esquecida. Era apenas um 'elemento' para que o processo de crime pudesse avançar. Não havia indemnização ou atendimento à vítima. Em face de um ostracismo demorado, os estudiosos das vítimas resolveram criar uma ciência nova, porque se a criminologia tivesse corrido bem abrangeria a vitímologia", disse. Pinto da Costa explicou "em teoria" a razão de ser de crimes violentos, "porque é que uns são mais criminosos que outros, tendências inatas, inserção social e questões genéticas e de educação". |