Portugal não tem tradição na existência de grupos de partilha e revela dificuldades para exteriorizar sentimentos o que é importante no processo de luto. José Eduardo Rebelo, presidente da Apelo, revela que esse é um caminho importante para quem procura ajuda no processo de luto.
“Em Inglaterra ou nos EUA há grupos de partilha sobre tudo e mais alguma coisa mas nós temos dificuldade em expressar emoções e partilharmos com outros o que somos. O luto é um problema de saúde pública que devia ser considerado a um nível mais global”.
As dificuldades para lidar com situações de luto são evidenciadas em situações individuais mas também coletivas. Eduardo Rebelo recorda o exemplo da morte de um jovem numa escola da Chamusca que deixou os professores sem respostas.
“Há dois dias ligou-nos a diretora de uma escola da Chamusca com o problema da morte súbita de um jovem. Ela telefonou a dizer: ´O que hei-de fazer? Isto nunca aconteceu`. A nossa colega Fátima Albuquerque esteve a explicar a estratégia de todos os passos a seguir”.
Outro caso do momento em Portugal é a reação das famílias das vítimas do incidente na praia do Meco que tirou a vida a 6 jovens. Segundo Eduardo Rebelo as interrogações fazem parte da primeira etapa no processo de luto. O fundador da associação Apelo explica que se trata de procurar respostas perante a surpresa.
“Do ponto de vista do luto é típico o comportamento. Há um estado de choque e a resposta é de defesa e necessidade de explicações. Como ocorreu a morte? Os familiares pensam que ficarão mais aliviados. A envolvência mediática está a tornar um processo individual num luto comunitário daquele grupo de pais e mãos que se entre-ajudam desse ponto de vista”. |