Uma mulher vive sozinha em casa, há meses sem luz, água e comida e não tem qualquer rendimento. Diz que come o que lhe dão, sofre de anorexia e pode estar em risco de vida

João Peixinho

Uma mulher de 43 anos vive num apartamento do bairro social de Santigo, em Aveiro, sem electricidade, sem água, há vários meses, apenas com um fogão de campismo, sem dinheiro por não ter qualquer fonte de rendimento, conseguindo comida quando lhe dão. Não trabalha, tem problemas de saúde, muito debilitada e magra, com anorexia e depressão, pode estar em risco de vida.

Para a medicação de que necessita, junta o dinheiro que vai conseguindo. A falta de abastecimento elétrico impede-a de ligar o frigorífico, de ligar aquecimento ou ter iluminação em casa, o que substitui por velas. Sem frigorífico não pode conservar os alimentos que tiver, o que não costuma acontecer. Na passada quinta-feira, cerca das 13.30 horas disse ter comido um pão com manteiga, bolachas e uma maçã e meia.

A falta de água é resolvida com a recolha de água numa torneira de um jardim da universidade, como aliás fazem outras pessoas que moram em apartamentos naquele bairro e não tem abastecimento de água, devido a corte por falta de pagamento (ver caixilho). Com a água, que junta em garrafões de cinco litros, pode aquecer no fogareiro de campismo que lhe emprestaram, que usa para a sua higiene diária. Os alimentos que consegue cozinhar são os que pode manter sem precisar de usar frigórico.