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12-10-2012

Marília Martins: “Não podemos depender apenas das entidades públicas”



Acaba de assumir a presidência da Cooperativa para a Educação e Reabilitação dos Cidadãos Inadaptados de Aveiro (Cerciav). Foi uma transição tranquila?
Foi tranquila porque não houve uma ruptura. Eu já fazia parte da anterior Direcção e acabou por não haver um processo eleitoral novo. O presidente demitiu-se por questões pessoais e lançou-nos o desafio de não deixarmos cair esta equipa. E como eu era vice-presidente, foi sugerido que assumisse a presidência e houve uma redistribuição de pelouros. Portanto, foi uma mudança pacífica, mas, por outro lado, foi um imprevisto que eu não esperava. Mas temos de estar preparados para tudo na vida.

Esta é uma casa que já conhece bem, uma vez que já trabalha na Cerciav há quase 20 anos...
Sim. Penso que já tenho um grande conhecimento do terreno. Apesar de não ser das mais antigas e de também ter tido uma interrupção para ir assumir funções na Câmara de Aveiro, como vereadora, já conto com muitos anos de trabalho na Cerciav. Para mim, esta é uma casa muito especial. É aqui que tenho aprendido muito, não só em termos profissionais, como a nível pessoal.
E quando nos envolvemos nas direcções, a ligação acaba por ser ainda maior. Porque acabamos por nos sentirmos gestores das instituições. Isso tem os seus bons e maus momentos, como tudo na vida. Este é um sector que, infelizmente, vive muito dependente de subsídios. No caso da Cerciav, porque tem cinco respostas sociais diferentes, há ainda a particularidade de ter de ser financiada por vários ministérios. Ou seja, temos de gerir e articular com várias entidades financiadoras.

E isso pode ser complicado...
É, de facto, complicado. Como nós temos de esperar pelo pagamento dos subsídios, se não tivermos receitas que nos dão algum fundo de maneio, para podermos ir governando a casa enquanto o dinheiro não vem, enfrentamos dificuldades. Nestes tempos de crise, essa situação agravou-se ainda mais. Aliás, no início deste ano vivemos um grande constrangimento financeiro precisamente por causa desses atrasos no pagamento dos subsídios.

A Cerciav chegou, mesmo, a correr o risco de ter de encerrar? Esse foi o alerta que foi passado para a opinião pública.
Nós começámos a ver as coisas um pouco negras. Não tínhamos capacidade para pagar aos colaboradores, para além de outras despesas, e as coisas estiveram complicadas. A situação estava a ser dramática.


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