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17-09-2012

Ílhavo: Manuel Antunes teme pela sustentabilidade do Serviço Nacional de Saúde.


Manuel Antunes diz que o desinvestimento no Serviço Nacional de Saúde terá reflexo na qualidade do serviço prestado. O Diretor do ...

Manuel Antunes diz que o desinvestimento no Serviço Nacional de Saúde terá reflexo na qualidade do serviço prestado. O Diretor do Centro de Cirurgia Cardiotorácica dos Hospitais da Universidade de Coimbra esteve em Ílhavo a convite do Rotary Clube de Ílhavo. Fez contas ao serviço e diz que é impossível reduzir custos, pagar dívidas acumuladas e garantir um serviço de qualidade com menos dinheiro a cada ano que passa. Defende que é necessário encontrar outras fontes de financiamento para além do orçamento geral do Estado.

Após historiar algumas das entrevistas dadas a jornais e a edição do livro “A doença da Saúde”, editado em 2001 sobre o tema, o conhecido cirurgião, apresentou algumas das razões que o levam a dizer que é inevitável que o Orçamento Geral do Estado deixe de ser a única fonte de financiamento do SNS e cada vez mais tem de ser os cidadãos a comparticipar na Saúde, lembrando que Portugal não tem neste momento capacidade económica para manter a qualidade na saúde, já que em Julho de 2011 a divida do SNS era de 3 mil milhões de euros e “continuamos a gastar mais do que a média da União Europeia”.

E dando o exemplo da instituição que dirige (Centro de Cirurgia Cardiotorácica dos HUC) que sempre teve lucros e que eram divididos por todo o pessoal, salientou que enquanto não se reduzir nas despesas, acabando por exemplo com os desperdícios, a ineficiência dos serviços e o desequilíbrio dos recursos humanos, e aumentar as receitas, o SNS continuará a consumir 16% da despesa da Administração Central.

“Se tínhamos 7,5 mil milhões para gastar e a troika exigiu que até final do ano paguemos os 3 mil milhões de dívidas, ficamos com 4,5 mil milhões para fazer funcionar os hospitais que há dois anos custavam 8,7 mil milhões de euros. Há desperdício mas ninguém consegue dizer que passa a viver com metade do que vivia antes. Não é possível por muito que se elimine o desperdício. O SNS é sustentável? É bom que nos preparemos para a resposta. Como diz o Ministro da Saúde, a sustentabilidade não está minimamente assegurada”.

A sustentabilidade financeira do sistema, a rede hospitalar, os cuidados de proximidade, as listas de espera, a política do medicamento, as taxas moderadoras, a separação do público e do privado, a análise de desempenho dos prestadores de saúde e a regulação do sistema foram temas abordados neste encontro. O presidente do Rotary, Sérgio Ribau Esteves, lembra que há diferentes questões em análise quando se fala em sistema nacional de saúde. “São muitas as variáveis neste SNS mas que de facto o compõem de uma forma que põe em causa a sustentabilidade”.

Texto e Foto: Joana Oliveira e Carlos Duarte

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