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28-07-2012

Movimentos cívicos conquistam cidadãos para o debate público



Os movimentos cívicos suportados pelas novas tecnologias – isto é, os suportes virtuais de debate – estimulam uma maior participação cívica e, indirectamente, influenciam o contexto de tomada de decisão política, embora não a determinem. Esta é uma das conclusões a que chegaram dois investigadores da Universidade de Aveiro (UA) num artigo baseado nos movimentos cívicos de Aveiro recentemente publicado no European Journal of ePractice, uma revista científica patrocinada pela Comissão Europeia.
As dinâmicas cívicas em Aveiro e o papel dos espaços virtuais de troca de informação e reflexão, como blogues, “sites”, “mailing-lists” e redes sociais, foram estudados por José Carlos Mota e Gonçalo Santinha, docentes do Departamento de Ciências Sociais, Políticas e do Território da UA. O primeiro é, ele próprio, um dos principais dinamizadores do movimento cívico Amigos d’Avenida.
Plataformas virtuais de debate dinamizadas por movimentos cívicos como os Amigos d’Avenida ou o Movimento Cívico por Aveiro e centradas em casos concretos, como os projectos para o bairro do Alboi e da ponte pedonal no canal central de Aveiro, serviram de base a este artigo.
José Carlos Mota e Gonçalo Santinha constataram que “frequentemente estas plataformas e redes sociais vêm colmatar uma ausência de espaços e ocasiões para debate sobre temas de interesse colectivo”. Por outro lado, tem vindo a desempenhar um papel importante na “capacidade de ligar o virtual ao real”, isto é, em “transformar espaços de debate virtual em debate presencial”.
Para além disso, constituem oportunidades de “aprofundar a reflexão sobre a relação entre a teoria e a prática da mobilização das pessoas para causas concretas”. Um dos aspectos salientados pelos autores é o “potencial pedagógico e construtivo” da actuação dos movimentos cívicos. É possível confirmar, afirmam, que os cidadãos se envolvem em questões de interesse colectivo quando têm acesso a informação, quando discutem e partilham entendimentos sobre problemas e potenciais soluções e quando sentem que existe um conjunto de ideias partilhadas na comunidade e que foram criadas condições para que a sua voz seja ouvida.
No entanto, os investigadores também reconhecem que estas plataformas virtuais desempenham um papel complementar e não central no envolvimento dos cidadãos em temas de interesse geral. Dito de outro modo: “Não podem ser a solução única dado que muitos cidadãos não usam ou não sabem lidar com as novas tecnologias”. Um exemplo é a petição contra a construção da ponte pedonal no Canal Central de Aveiro, em que 90 por cento das assinaturas foram recolhidas em papel.


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