Ninguém fica indiferente ao encerramento quase diário de estabelecimentos comerciais em Aveiro. São ruas e ruas que há uma década pulsavam de vida e que hoje exibem portas fechadas, montras cobertas de cartazes publicitários e um esvaziamento comercial que espelha a tendência nacional. Um estudo da Coface Serviços Portugal apontava, recentemente, que o distrito de Aveiro, em 2011, registou 8,5 por cento das insolvências do país e ainda que 48,2 por cento das insolvências em Portugal no sector do calçado, em 2011, ocorreram no distrito de Aveiro.
Números assustadores que a Associação Comercial de Aveiro (ACA) gostava de ver invertidos. De acordo com Jorge Silva, apesar da ACA não possuir números conclusivos sobre o comércio que tem fechado portas nos últimos meses, garante que, em quase uma década de funções, “nunca vivi dias tão preocupantes como agora, com associados a procurarem os nossos serviços em total desespero, incapazes de continuar a manter os seus estabelecimentos a funcionar”. Jorge Silva refere ainda que o problema é transversal a vários tipos de comércio e que as razões são muitas. Em sua opinião, os empresários portugueses andaram tempo demais a assumir os seus compromissos de forma relaxada. Não havia rigor, nem fiscalização e contavam com uma banca disponível. Entretanto, passou-se do oito ao 80 e, com essa mudança, veio o rigor financeiro, a fiscalização apertada, o aumento de impostos, uma banca cobradora e, em paralelo, uma capacidade consumista reduzida. Um “cocktail” fatal para muitas centenas de empresas (comércio e indústria) aveirenses que, à semelhança do que acontece a nível nacional, desistem e fecham portas, lançando para o desemprego um número crescente de pessoas.
|