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04-04-2012

Universidade de Aveiro desenvolve língua electrónica


Mecanismo detecta, por exemplo, se há nos alimentos algum composto que possa ultrapassar níveis tolerados

A Universidade de Aveiro desenvolveu uma língua electrónica que serve para analisar a qualidade dos alimentos. O mecanismo, inventado por Alisa Rudnitskaya, investigadora do Centro de Estudos do Ambiente e do Mar, permite que, no espaço de cinco a dez minutos e a baixo custo, compostos orgânicos e inorgânicos, como metais, possam ser detectados nos alimentos sem recurso a laboratórios e técnicos especializados. A análise serve para, rapidamente, detectar se estes compostos ultrapassam ou não os níveis tolerados pelo organismo humano.
A invenção da docente da UA é em tudo análoga a uma língua humana. Os vários sensores, feitos por membranas de diferentes composições (vidro, cristais, policristais ou polímeros orgânicos), fazem a vez das papilas gustativas.
Dependendo da composição da membrana, o sensor, quando mergulhado no alimento previamente liquefeito, responde à presença ou não das substâncias que se querem detectar, enviando um sinal electrónico para um voltímetro digital. Desta estrutura é encaminhada uma mensagem digital para um normal computador que descodifica, mede, trata e guarda os dados recebidos.
“Claro que este aparelho não pode ser utilizado em vez de outras técnicas que existem, tal como variantes diferentes de cromatografia ou de espectrometria de massa que podem produzir uma informação pormenorizada da amostra alimentar”, explica Alisa Rudnitskaya.
Mas a informação detalhada sobre a composição do alimento, clarifica a docente, nem sempre é necessária. “Às vezes só é necessário saber a concentração de alguns dos constituintes de alimentos ou de contaminantes para controlar se eles não excedem o permitido, função que a língua faz em pleno e em poucos minutos”, explica. Para além disso, “é um aparelho mais compacto, mais fácil de usar e menos caro do que os usados por outras técnicas”.
A língua foi inicialmente pensada para ser utilizada em alimentos líquidos. Perceber se a fermentação no vinho está a decorrer dentro da normalidade, se as suas propriedades, origem e idade estão de acordo com o pretendido pelo produtor, indagar sobre o grau de contaminação microbial e presença de metais no leite, sumos, água, café, cerveja, chá e vinhos são apenas algumas das possíveis aplicações entre os líquidos alimentares. Uma característica única da língua electrónica, acrescenta a inventora, é ter capacidade de avaliar os sabores dos alimentos, como já foi testado para o caso dos vinhos, cerveja e café.
O aparelho também já foi utilizado com sucesso na análise de alimentos sólidos. “Nesses casos é feito um puré com adição de água”, descreve Alisa Rudnitskaya. Queijo, carne, peixe, vegetais e fruta já passaram com êxito pelo paladar da língua electrónica, que pode ser ainda ser aplicada na análise de águas residuais e naturais, como a dos lençóis freáticos, e de soluções industriais.


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