Carlos Borrego, antigo Ministro do Ambiente, vê um lado positivo na crise. Portugal deve, afinal, cumprir os limites das emissões de gases com efeito de estufa e escapar a multas pesadas. De nada valerá, ainda assim, se não houver políticas e investimentos para evitar retrocessos. E neste aspeto, o professor e investigador da Universidade de Aveiro está muito céptico. O arrefecimento da economia é bom para o ambiente. E a continuar assim, Portugal terá menos dificuldades em cumprir o protocolo de Quioto do que as metas da troika. "A crise é amiga do ambiente, diminuímos as emissões para a atmosfera e vamos cumprir o protocolo de Quioto, em 2010 as emissões diminuíram 7 por cento, vão diminuir mais do que isso em 2011, portanto, no final de 2012 o protocolo está cumprido, quando estávamos a derrapar completamente e teríamos de pagar uns milhões de euros de multas, graças à crise vamos safar-nos", disse Carlos Borrego, da Universidade de Aveiro, um dos maiores especialistas nacionais em qualidade do ar que, esperava, nesta altura, mais do Governo, para evitar os mesmos erros. "Eu verifiquei o Orçamento de Estado e a palavra ambiente aparece 36 vezes, mais nada, sustentabilidade do ponto de vista ambiental, nada, se as palavras não estão lá quanto mais o dinheiro, é preciso mudar estratégias, criar investimento em áreas especificas para tirar benefícios no futuro, isto é uma prioridade e não apenas aplicar contenção sem critério". O ex-Ministro do Ambiente num dos Governos de Cavaco Silva garante que, o actual executivo, não está mal informado e o próprio Primeiro Ministro já foi alertado pelo maiores peritos nacionais. Resta saber a resposta que vai dar na prática. |