A paragem das obras da futura Escola Básica e Secundária de Anadia incendiou os ânimos na última Assembleia Municipal de Anadia, realizada na última segunda-feira.
No período antes da ordem do dia, o deputado centrista João Tiago Castelo-Branco e o autarca Litério Marques envolveram-se numa acesa discussão por causa da interrupção das obras da futura Secundária.
O deputado quis ouvir da boca do autarca se, de facto, as obras estão paradas, qual a razão para essa paragem e que medidas a Câmara tomou face a esta situação.
A reação de Litério Marques não se fez esperar e num tom hostil avançou que “a decisão foi do Governo e que não se trata de uma obra municipal”, desafiando mesmo o deputado a “perguntar à sua mãe [Maria do Céu Castelo-Branco, diretora regional adjunta da DREC], pois ela é que deve saber e poder responder a essas questões”. Esta resposta, em jeito de provocação, não impediu que o deputado fizesse novas e desconcertadas questões, no sentido de saber concretamente em que ponto ficou o negócio da permuta de terrenos com a Parque Escolar.
Tiago Castelo-Branco diz que Litério Marques permitiu o início da construção da nova escola em terreno do município, antes de ter efetuado o contrato de permuta com os terrenos do Ministério da Educação, onde se encontram as atuais escolas EB 2/3 e Secundária, contrariando o voto do CDS/PP de Anadia, que na Assembleia Municipal de 28 de janeiro de 2011, chamou a atenção para o “trunfo que seria efetuar o negócio de permuta antes de dar luz verde à construção pela Parque Escolar da nova Escola”.
Embora nunca tenha respondido diretamente às acusações formuladas, Litério Marques não deixou de lamentar o facto da DREC ter aceite a paragem da obra, sem dar qualquer esclarecimento à Câmara Municipal. “Eu sempre disse que a DREC era uma comissão liquidatária e pelos vistos não me enganei” disse, referindo que “a DREC não teve força para defender esta obra”. “Responsabilizo de forma total a DREC e o Ministério da Educação por esta paragem e talvez ainda o Ministério das Finanças e a Troika”, concluiu.
Na oportunidade, o deputado social-democrata, Rafael Timóteo, esclareceu que a “ Parque Escolar fez asneiras em lançar obras atrás de obras, para fazer subir a taxa de execução de 14 para 30%. Agora, existe dificuldade em pagar o que já está feito, quanto mais o que está para fazer”, explicou.
A JB, Elói Gomes, diretor do Agrupamento de Escolas de Anadia, confirmou que as obras estão, de facto, prestes a serem suspensas, referindo que a “Parque Escolar foi confrontada, pelo Ministério da Educação, com a necessidade de reduzir ao seu Orçamento para 2012, cerca de 110 milhões de euros, uma situação que obrigou a um reajustamento das obras em curso, estabelecendo prioridades”. “Para já, existe a promessa de que a interrupção da obra por um ano, sendo retomada em 2013”, concluiu aquele responsável. A nova escola tinha um prazo de execução inicialmente previsto de 18 meses.
Catarina Cerca
catarina@jb.pt
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