Uma nova espécie de caranguejo branco e peludo, designado caranguejo yeti, uma estrela predadora com sete braços e ainda uma combinação única de espécies, entre várias outras particularidades, revelam-se num artigo publicado na revista científica PLoS Biology de que a investigadora da Universidade de Aveiro Ana Hilário (CESAM/UA) é uma das autoras. Trata-se de um estudo sobre as fontes hidrotermais nos fundos marinhos do East Scotia Ridge, Antárctida, no âmbito Programa Census of Marine Life. O artigo, em que a investigadora da UA surge como a única portuguesa entre os autores, está a ser objeto de grande interesse pelas novidades que apresenta, mesmo no contexto dos novos estudos sobre a fauna de fontes hidrotermais. Ana Hilário participou como perita nesta área científica. O estudo envolveu três missões em três anos sucessivos – 2009, 2010 e 2011 - àquela zona da Antárctida que nunca tinha sido estudada nesta perspectiva. A investigadora da UA participou na primeira daquelas missões, com duração de um mês, a bordo do navio oceanográfico James Clark Ross. Após esta primeira missão em que se detectaram as fontes hidrotermais e se recolheram imagens, a amostragem e a análise mais aprofundada decorreram nas missões seguintes. O East Scotia Ridge situa-se entre a América do Sul e a Península Antárctida e o extremo sul do oceano Atlântico. As fontes hidrotermais ficam a cerca de 2300 metros de profundidade e atingem temperaturas que rondam os 280 graus centígrados. Embora seja necessário esperar por outros estudos que estão em curso na Antárctida, nomeadamente realizados por outras equipas, salienta a investigadora da UA, as particularidades agora divulgadas levam os cientistas a suspeitar de que esta se pode tratar de uma zona biogeográfica única, dado que a dinâmica das correntes não permite a troca de larvas com outras zonas dos oceanos. O estudo da fauna nas fontes hidrotermais é uma área relativamente nova da ciência, impulsionada pelo uso de veículos submarinos de operação remota (ROV). As condições ambientais extremas, com ondas que podem chegar aos 20 metros e nevões constantes têm constituído um grande obstáculo ao estudo dos fundos marinhos da Antárctida que só são possíveis durante o verão do hemisfério sul. |