A crise financeira ameaça os apoios aos mais carenciados. Com os cortes do Estado e das instituições de solidariedade social, os que dependem das ajudas externas começam a manifestar preocupação. Alguns sem-abrigo ouvidos no fim-de-semana afirmaram temer o fim das ajudas da equipa do projecto Giros.
António, de 41 anos, e Paula, três anos mais velha, já sabem que vão ter de abandonar o quarto num prédio degradado, no centro de Aveiro, que ocuparam.
Voltar a viver na rua é a única alternativa. “está para acabar. Dizem que vai entrar em obras. É mais um ou dois meses no máximos. Está difícil arranjar um cubículo para a pessoa se meter”, refere o casal.
Como se não bastasse, o casal sem abrigo receia o fim da ajuda alimentar e de cuidados de saúde da equipa do GIROS, consequência das restrições financeiras que afectam a instituição particular de solidariedade social Florinhas do Vouga. “Deito-me mais descansado porque sei que tenho o Giros de volta. Já avisaram que está para terminar. Com a crise que estamos a passar, está para terminar”.
António, que trabalhou em empresas de transformação de bacalhau, e hoje depende da caridade, vê muitos a queixarem-se da crise com “barriga cheia”.
Para quem não encontra outra forma de rendimento, os apoios sociais deveriam escapar aos cortes do Governo. “Sou português e se chegar aqui um estrangeiro parece que é mais fácil encontrar apoio”, admite realçando que a poupança forçada no Estado também já se nota nas ajudas de sobrevivência. |